Desafios para tornar Mogi Mirim Sustentável |
Adriana Teixeira Simoni
Na 3ª semana do mês de Abril/2014 , foi publicado no jornal O IMPACTO (Mogi Mirim-SP) um texto intitulado de “sustentabilidade” assinado pelo Prefeito da Cidade de Mogi Mirim Gustavo Stupp, onde este, citava a necessidade como gestor público em criar iniciativas para implantar na cidade e torná-la sustentável. Falar em sustentabilidade é muito fácil e bonito, porém difícil e complexo implantá-la. O uso da palavra sustentabilidade está muito evidente nos últimos anos . A evidência do uso se dá para abonar um envolvimento na causa ambiental, na preocupação com acontecimentos globais e também em evidenciar seu intento em ser ecologicamente correto o que nem sempre é verdadeiro. Esse uso indiscriminado da palavra tem banalizado o real conceito de sustentabilidade, seja no âmbito pessoal, empresarial, institucional ou da prática.
O conceito de Sustentabilidade mais pertinente e usual é : “A utilização racional dos recursos naturais satisfazendo as necessidades atuais sem comprometer as gerações futuras”. Pois bem, nesse uso racional necessitamos que seja através de ações ecologicamente corretas, economicamente viáveis de forma socialmente justa e com a devida atenção a diversidade cultural para assim garantir o tão almejado desenvolvimento sustentável.
Lógico que nenhum objetivo é alcançado sem que iniciativas sejam lançadas . E estas devem contemplar o importante tripé da sustentabilidade. Ao convidar a comunidade a participar são necessárias as iniciativas com seus devidos objetivos traçados, uma boa comunicação aos atores envolvidos, a capacitação para que os objetivos sejam alcançados e se faz indispensável para o sucesso do projeto que tudo esteja atrelado a um trabalho multidiciplinar junto as escolas, do ensino básico ao universitário, para assim alcançar adjetivos de uma cidade sustentável garantindo a crescente sucessão nas ações ecologicamente corretas.
Lamentavelmente a sustentabilidade é, muitas vezes exibida de forma falsa ,em discursos verdes(amarelados) tentando levar a comunidade se iludir através da nomenclatura de sustentável, placas enaltecendo sustentabilidade , musiquinhas e tudo mais assemelhado a campanhas eleitorais. Mas ser sustentável engloba muito mais responsabilidades do que ”oba oba” verde. O uso do “falso marketing verde” não ajuda no desenvolvimento , mascara os danos ambientais e ainda atrasa o crescimento econômico da cidade. Pois, grandes empresas não se instalam em locais onde não há iniciativas verdadeiras e coerentes com a boa prática sustentável.
Partindo da cidade de Mogi Mirim, o prefeito em seu texto ressaltou apenas dois pontos que provavelmente estão mais evidentes em suas futuras ações: A compostagem de lixo e a reforma nas galerias de água da região central. Veja bem, para uma cidade que é cantada em slogan de cidade sustentável desde os primeiros dias de sua administração, pouco aconteceu efetivamente neste 1 ano e meio e o futuro está muito incerto em efetivas práticas sustentáveis para a cidade. A coleta de lixo continua a mesma, da mesma forma irresponsável, pois carrega ao aterro toneladas de material com grande potencial reciclável que poderia gerar renda a cooperados da Cooperativa de recicladores da cidade, contemplando o social . Falta orientação pela cidade sobre descarte de jardim, entulho de construção , entulhos (sofás e outros) lâmpadas fluorescentes.As informações não chegam a todos, e isso se torna uma falha, pois desta forma não pode cobrar do munícipe um comportamento adequado. Faltam lixeiras suficientes em passeios públicos e principalmente em eventos.
Tudo bem que para a maior parte das iniciativas se faz indispensável a colaboração da sociedade, mas para isso essa sociedade precisa ser convidada a participar de forma mais contundente, com informações corretas e com prestação do serviço condizente com a informação, pois na falha do prestador o colaborador desestimula e novamente o que havia sido conquistado, educado se perde. Tem muita gente interessada em colaborar, mas tem muito mais gente “to nem aí” e uma cidade precisa andar junto com os anseios da comunidade para crescer junto.
O consumo cresceu o acesso também, mas a educação para tratar com seus próprios resíduos não acompanhou o acesso. As pessoas trocam as coisas e jogam na rua as caixas, o velho equipamento e acham que está tudo certo . E não é bem assim! Os resíduos ficam pela calçada dias, chove, molha, perde valor, escorrega para o bueiro do mesmo jeito que a sustentabilidade. Vai tudo por água abaixo... Porém comprometendo ainda mais o ambiente.
O prefeito falou bem quando chama a população para ajudar, pois todo cidadão que quer uma cidade bonita, com boa mobilidade urbana, limpa e cheia de atrativos deve colaborar sempre , por a mão na massa e participar , buscar informação, denunciar , cobrar da prefeitura necessidades da rua, do bairro, mas acima de tudo ter consciência de que sua própria irresponsabilidade pode comprometer toda cidade.
O prefeito salientou o fato de Mogi Mirim estar na Vanguarda ao participar de um projeto piloto de coleta de resíduos orgânicos num bairro da cidade com envolvimento de 7oo famílias. Esse foi o evento mais importante em termos de “sustentabilidade” em que Mogi Mirim evidenciou participação nos últimos 1 ano e meio desta gestão. Um evento ecologicamente correto e desejável que teve a participação da comunidade , de empresas e a própria Prefeitura . Um projeto experimentado, com resultados positivos e que a meu ver , não deve ser jogado no lixo.
Se o Prefeito Gustavo Stupp quer levar Mogi Mirim verdadeiramente ao título de cidade sustentável deve implantar o mais breve possível a coleta de resíduos orgânicos,aproveitando esse experimento de 3 meses, caso necessário, estude alguma modificação, mas coleta seletiva e coleta de resíduos orgânicos para compostagem é uma iniciativa que sem dúvida haverá colaboração efetiva da população trazendo economia aos cofres públicos, possibilitando disponibilizar essa economia a outros investimentos ,além de efetivamente elevar a cidade de fato a CIDADE SUSTENTÁVEL.
A verdadeira prática sustentável trás muito mais benefícios para a cidade. Retornos na economia de tempo e dinheiro no uso dos recursos disponibilizados pelo governo, bem como na solução das necessidades da comunidade em educação, cultura, saúde e segurança. A sustentabilidade ocorre não com a publicidade apelativa, mas com políticas públicas focadas efetivamente na sustentabilidade.
Enquanto o falso marketing verde enfeita, a embalagem distrai, mas na hora que a população necessita fazer uso, era tudo fantasia.
Adriana Teixeira Simoni é Assistente Social com ênfase socioambiental, administradora deste Blog Ideias Sustentáveis.
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