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12 de maio de 2014

HOMENAGEM A MÃE, A TERRA AO COSMO

Pai Cosmo, Mãe Terra

Folha de São Paulo      11/05/2014    -   Marcelo Gleiser
Como hoje é Dia das Mães, nada mais apropriado do que celebrar a nossa mãe coletiva, o planeta Terra. Pois somos todos filhos dela, consequência da sua história e da sua relação com o Cosmo.

Tudo começou em torno de 13,8 bilhões de anos atrás, quando o pai de todos, o Universo, surgiu. (Talvez fosse mais adequado usar o feminino para o Universo também, mas como a palavra é masculina...)

Não vamos contar a história dele em detalhe. Deixo isso para o Dia dos Pais. Basta saber que uns 200 milhões de anos após seu surgimento, foi a vez das primeiras estrelas aparecerem. Estrelas são agregados do elemento químico mais abundante e simples do Cosmo: o hidrogênio. E fazem algo de extraordinário: transformam o hidrogênio em todos os outros elementos químicos que existem.

Perdão, Paulo Coelho, mas as estrelas são os verdadeiros alquimistas. Trazemos em nossos corpos essa herança cósmica, a química do Universo, forjada em estrelas que pereceram bilhões de anos atrás. Somos a memória desse passado, que, ao assumir a forma humana, permitiu que as estrelas pudessem se lembrar.

Depois das primeiras estrelas, foi a vez das galáxias. Numa coreografia de dimensões astronômicas, a gravidade foi esculpindo o Universo como ele é hoje, com a matéria fluindo daqui e dali, se aglomerando, girando. São algumas centenas de bilhões de galáxias, cada uma com milhões ou mesmo centenas de bilhões de estrelas. Delas, estamos na Via Láctea, uma magnífica estrutura espiral, que lembra um furacão visto de cima, um vórtex de estrelas e gases girando pelo espaço. Em meio a essas estrelas, em torno de 4,6 bilhões de anos atrás, surgiu o Sol e seus planetas. Dentre eles, a Terra, nossa mãe.

A Terra é um planeta especial. Basta olhar para nossos planetas vizinhos e nos damos conta disso. Especial porque é um planeta coberto de água, com uma atmosfera rica em oxigênio que protege a superfície dos bombardeios constantes que vêm do espaço, a radiação solar e os raios cósmicos.

Vivemos dentro de um útero azul, um oásis de vida em um Cosmo destituído de vida, frio e hostil. A Terra proporciona um clima quente e estável para que a vida possa existir e explodir em sua diversidade. Quem já passeou pela mata atlântica ou pela Amazônia vislumbrou uma ecologia explosiva, uma criatividade aparentemente infinita, plantas e bichos de todos os tipos buscando comida e tentando se reproduzir, passar sua herança genética para a prole, perpetuando sua permanência e memória. A vida usa o presente para criar o futuro.
Celebramos muito pouco essa nossa mãe coletiva. Somos filhos rebeldes e ingratos, esquecidos de nossas origens. Aquele tipo de criança que não queremos, desrespeitosa com nossos pais, que, quando sai de casa, nunca mais olha para trás.


A diferença, crucial, é que não podemos sair de casa, escapar do abraço de nossa mãe. Se tentamos, o fazemos de forma precária, e aprendemos o quanto precisamos dela. Podemos até tentar encontrar outras mães pelo espaço, na busca por outras Terras. Mas como é verdade com todas as mães, por mais acolhedora que seja, nenhuma será como a nossa. 



Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2014/05/1452376-pai-cosmo-mae-terra.shtml

1 de dezembro de 2010

O HOMEM E OS LIMITES COM A NATUREZA E A SOCIEDADE




Adriana Teixeira Simoni


Muito se ouve dizer por  aí que a NATUREZA  é nossa MÃE , e que Deus criador do céu e da terra como nosso PAI  e nós, seríamos seus FILHOS.  Romântica essa história, porém não mais que  as divindades personificadas  da natureza da mitologia grega,  que   eram adoradas por sua associação a fertilidade, fecundidade e abundância. Hoje já não se adora mais a natureza, apenas se usa ,modifica e destrói , porém ela tem  se demonstrado  não muito condescendente com tudo isso.

Hoje o que se percebe é toda sorte  de egoísmos. A  nossa  sociedade não tem mais valores, ela leva a vida como se o planeta sua propriedade fosse  e a presença do   “outro” é  só para atrapalhá-lo, fazê-lo perder a hora, só ele tem pressa , só ele quer, só ele pode,  os “outros” estão  ali parados no trânsito  a sua frente , porque  gostam  do perfume de CO2; (o nome até parece de perfume ) no carro anda-se com o vidro totalmente fechado e escuro que é para não ver o outro e nem ser visto , e assim também  onde mora, poucas pessoas sabem quem são seus vizinhos, isso por medo, insegurança  e muitas vezes por não ter tempo de saber, sentem-se únicos .

Este isolamento, essa blindagem contra o “outro” só  faz o homem  embrutecer contra seu semelhante  e a natureza ,   nada disso  colabora com seu crescimento. O homem vive de limites impostos por ele contra seus semelhantes e também não  vê limites contra o uso e degradação  da natureza , o homem precisa fazer uma reflexão sobre si e perceber que a vida em sociedade  compõe-se também de  saber lidar com as diferenças e  contradições,  e  voltar aprender  qual o verdadeiro valor do bem e do mal .

O homem não trás mais  em si,  nem  ética nem moral , ele vive uma farsa,  pintada de vida e progresso  onde a esperteza é a  melhor escola . Ele pensa que ao colecionar todas as bugigangas tecnológicas que  fervilham nas  propagandas e vitrines   se  tornará o SER mais feliz do universo, ou que  isso lhe  trará o poder de “ser” .

Ah! O que diriam os deuses mitológicos com suas forças e modos de comandar o universo a despeito dessa sociedade que prioriza somente  o EU, em detrimento de seus semelhantes e  não se importando nem com a própria casa que lhe acolhe e protege?
Depois que  a caixa de pandora fora aberta e  todos os males libertados para  humanidade só resta a esperança de que alguns seres promovam essa sociedade a uma sociedade mais justa e sustentável, em que os homens possam contemplar mais  belezas  naturais do que   badulaques que se mexem e falam sozinhos , que esse homem perceba os limites entre o bem e o mal , o certo e o errado e  seja integrado novamente  a  natureza  como peça  faltante e importante para  que  ela continue viva  e  lhe proporcionando  vida.  

Eu escrevi um artigo em maio de 2009 ,  que pode ser lido aqui no blog em: http://drikafarah.blogspot.com.br/2010/07/ambiente-faz-aniversario-mas-comemorar.html  , onde faço um analogia  entre mãe natureza e a nossa mãe materna , ademais , complementa esse artigo e leva a refletir sobre como é bom fazer ao próximo aquilo que  gostaríamos que  fizessem  conosco.

Gostaria de encerrar com uma frase escrita por Marcelo Gleiser no artigo “Gratidão Cósmica” Folha Sp/ Ciência  28/11/2010 onde ele expressa o seguinte:

“ Portanto, não é tanto ao universo  que   devemos   agradecer,   mas a terra,   nosso  planeta vivo, único. Devemos todos, coletivamente, dar graças ao nosso mundo:  por  nos permitir existir e pela sua tolerância, apesar  dos nossos   abusos. Poucas  mães seriam  assim tão pacientes.”

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