EU, A SACOLINHA, POR ONDE ANDO EU QUERO ANDAR ?
Adriana Teixeira Simoni
Eu saio na companhia de muitas amigas de um balcão onde me abrem e acondicionam apenas alguns itens, creio não acreditam no meu potencial e colocam poucos itens, eu juro que tenho capacidade para mais, mas não sabem me usar, logo vão usando várias de nós sem necessidade.
Logo vou aos solavancos até um porta malas ou um banco escorregadio e lá sacolejo para todo lado e me sinto incapaz de segurar os itens que me deram para garantir segurança. Chego até uma casa, uma mesa, um balcão, tiram todos os itens de meu poder e me torno murcha e desalinhada, e nesse momento inicia-se o meu suplicio.
Por mais que muitos achem que eu sou o problema do planeta, que eu deveria ser aniquilada e substituída por uma sacola mais resistente, retornável como a chamam , eu protesto!
Para minha confecção são gastos ínfimas energias enquanto que pra as “outras” dependendo do seu material uma infinidade de energia é gasta em sua confecção. A outra só serve para retornar a uma loja, feira, mercado, eu não! Eu sirvo para resguardar o lixo até que o caminhão me carregue, sirvo para proteger roupas, alimentos, entre outras tantas coisas que ainda posso transportar pra lá e pra cá. Nada pode me substituir a contento, o papel jornal por mais fantástico que possa parecer o “saquinho” que com ele fazem, o mesmo se desmancha no primeiro chuvisco na lixeira, ou num escoar de chorume.
Eu, portanto sou poderosa, realmente por isso me condenam. O fato é que não tenho culpa se a pessoa é tão inocente quanto aos cães abandonados da rua , achando que os mesmos não irão me rasgar se o resto de comida não estiver bem protegido. Lógico, eu rasgada, caída pela guia da rua, com uma chuva, seguirei incansável acompanhando a enxurrada , cairei num bueiro e por ele chegarei a um riacho, um rio, lá ficarei com sorte pendurada em algum galho enfeiando a natureza, mas também ninguém se dignará me retirar de lá, ou pior ainda , seguirei de esfregaços em esfregaços até chegar em grandes águas e ser devorada por animais ao me confundirem com comida ou por mais azar, ficarei lá no fundo dessas águas novamente como uma decoração completamente “brega”, sem noção, desestabilizando completamente o local e por muito tempo. Sinto por todo esse estrago, mas a culpa não é minha.
Mesmo que eu seja trocada por um saco preto horrível que mal consegue receber um nó mal feito em sua extremidade, ele acaba se tornando caro tanto para a natureza quanto para o bolso de quem o resolve usar , não adianta, meu custo beneficio é muito mais interessante. O problema é provar isso dentro dessa magnitude que é o mundo e suas tecnologias, eu sou poderosa e as pessoas reconhecem minha utilidade, porém não são providas da educação necessária nem para comigo, a sacolinha do mercado , nem para com meus primos os PETs, pois, nos mesmos lugares “errados” que me encontram, lá também vejo e me enrosco em muito Pet perdido e nem por isso existem campanhas tão violentas para acabarem com a existência deles como há para acabarem com a minha, e somos igualmente recicláveis, por isso não compreendo e protesto!
Um comentário:
...Concordo que nosso lixo é rico em materiais plásticos e principalmente pelas famigeradas sacolinhas, mas a questão é que a sacola é apenas uma sacola. Ela não tem vontade própria e sai andando perdida por aí. Que diga o excelente post do blog Idéias Sustentáveis - (http://drikafarah.blogspot.com/2011/03/eu-sacolinha-por-onde-ando-eu-quero.html?spref=tw)
O ser humano tem a mania de colocar a culpa dos erros nas coisas e não admitir a sua própria...
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http://punheta-cerebral.blogspot.com/
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