Adriana Teixeira Simoni
Invariavelmente tudo que não
queremos mais é considerado lixo. Porém
esse algo que não nos serve que perdeu a beleza, a utilidade, a graça e que se
encontra demais em nosso armário, sótão, despensa, que já enfeitou nossa casa e
que agora enjoamos, não deve ser considerado necessariamente “lixo”.
Muitas pessoas sentem-se
incomodadas de oferecer algo usado a outra pessoa, provavelmente porque ela
mesma carrega o sentimento de desprezo por algo que não é novo, que não sai da
loja embalado com etiqueta e validade. Lógico que jamais devemos esquecer que este
“algo” deve estar em perfeito estado, que ainda funcione, e que apresente
possibilidades de uso por outra pessoa ou família.
Esse sentimento de desprezo pelo
bem usado acaba fazendo pessoas jogarem na lixeira da calçada de suas casas
objetos que poderiam transformar a vida de outras pessoas. Poderiam ser o “algo”
mais que falta na vida de muitos por aí.
Já tive oportunidade de ver de tudo
durante minhas caminhadas pelas ruas da cidade, mas o que me chamou a atenção
em 2009 numa lixeira foi um aparelho ortopédico de tração dorso/cervical
ajustável para qualquer tamanho em perfeito estado. Isso prontamente me motivou
a pegá-lo e encaminhá-lo a uma instituição que pudesse aproveitá-lo, mas me
levou também a pensar porque aquela pessoa que o jogou na lixeira não pensou da
mesma maneira? Se de fato instituições filantrópicas penam por recursos esse
aparelho seria muito bem vindo, pois afinal poderia ser útil a alguém e sendo
assim o receberiam com muito gosto, como o fizeram quando o entreguei para uma
fisioterapeuta de uma instituição para crianças.
Histórias com “lixo” não me faltam, tem também
outra vez que encontrei uma cadeira de rodas que necessitava apenas higiene e
lubrificação. Bom se o pensamento for de que o catador de reciclagens a
levaria, muito bem, porém talvez a levasse para virar brinquedo do filho até
acabar-se ou ser vendida como ferro velho, porém penso que ela ainda poderia merecer
um final mais digno ajudando alguém temporariamente. E sendo assim, providenciei
reparos com a ajuda de um amigo e encaminhei a outra instituição.
Mas tem também um dia mais especial
que tem tudo a ver com a época natalina, na qual encontrei uma boneca que
estava com o braço arrancado e a cabeça deslocada, porém era um bebê de feições
tão perfeitas e de material tão bom que resolvi levar para casa e restaurá-la. Encontrei-a
jogada numa rua de terra, molhada pela chuva e suja, o brinquedo foi desprezado
por que se encontrava tecnicamente destruído. Porém, ainda vi potencial para um
belo brinquedo a uma criança ávida por uma boneca e sem possibilidades de ser
contemplada com semelhante. Reparei-a
com um novo corpinho de pano, higienizei, apliquei cheirinho e roupinhas de
bebê, acrescentei mais alguns adereços e pronto, ficou perfeita!
Como era inicio do mês de dezembro
busquei adotar uma cartinha na
Associação Comercial de alguma criança que
desejasse ganhar uma boneca de presente do Papai Noel e prontamente encontrei uma menina que estava desejosa de ganhar um
bebê que falasse. Foi realmente muito emocionante proporcionar essa surpresa a essa
garotinha de oito anos, uma ótima dica para quem quiser fazer uma criança
carente acreditar num sonho.
Portanto, neste final de ano haja
com peculiaridade com o seu lixo e verá possibilidades de colocar em prática a sustentabilidade,
pensando tanto no ambiental quanto no social, pois o que não lhe serve mais
hoje pode realizar o sonho de alguém, além de contribuir com um viver mais
simples capaz de proporcionar um impacto menos profundo durante a sua caminhada
no planeta.
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