Adriana Teixeira Simoni
Enquanto passeio pelo Rio das Contas em Itacaré-BA ,
rio que desemboca na praia do concha onde ficam muitos restaurantes , é o maior rio depois do São Francisco oriundo da
Chapada Diamantina famoso pelo transporte de pedras preciosas em épocas de
riquezas .
Durante
o passeio num barco conduzido por um
piloto que conta rapidamente a história de sua vida e logo em seguida a cada
local que passa no alto da pequena serrinha que circunda o Rio das Contas ele vai citando a nacionalidade dos
proprietários das mansões que são avistadas entre a floresta. Mais adiante do
rio ele conta que tem um “ilha” , aponta a localização e nos informa que ela está a
venda. “ - Me rendeu R$ 100 mil 6
anos de investimento, comprei por R$ 20 mil .” Disse-me entusiasmado . Me passou o valor caso me interesso, disse-me que já estava negociando, mas quem
der o sinal primeiro leva. Entrego com energia elétrica . Bom em Setembro de 2012 ele falou que a terra
que possuía nessa ilha, não me recordo a metragem, valeria R$ 120 mil. Citou também a quantidade de frutas nativas e
as melhorias feitas. Mas não me lembro de ter ouvido algo sobre esgoto e o destino de outros descartes.
Mais
a frente iniciou a citar os proprietários vizinhos a essa pequena parte de
terra numa Ilha de Itacaré-BA, Brasil, da qual ele se tornou dono , invadindo fazendo
algumas melhorias e garantindo propriedade em cartório alguns anos depois... Enfim
segue nos dizendo a nacionalidade dos outros vizinhos , onde pude
guardar...americanos, alemães, italianos , irlandeses, espanhóis, entre outros.
Esse
fato na qual ele ia informando a quem pertenciam partes das belezas naturais do
meu País, na qual existem muitos brasileiros que não possuem onde viver, foi
estragando por completo meu passeio pago, pois o fiz no intuito de ver de perto
belezas que da estrada ou da praia não são possíveis avistar, como cachoeiras
enfiadas na mata , animais, florestas, etc.
Enfim
me desagradou e muito saber que parte de nossas belezas são, viraram
PROPRIEDADE de estrangeiros, belezas e naturezas que não deveriam ter
proprietários únicos, deveriam permanecer ali, sã e salvas, livres e libertas da presença humana
e das necessidades e descartes que esse uso humano faz na grande maioria das vezes; Uso insustentável para aquela beleza, para aquela
biodiversidade ...
Agora
caímos aqui no Brasil das ultimas
noticias onde um povo se vê atormentado
pela possibilidade de perder a sua terra
por direito adquirido definitivamente.(neste
caso é diferente do caso contado acima....porquê?)
Os índios Guarani-Kaiowáa , que ocupam área na fazenda Cambará no Mato Grosso do Sul desde
o ano passado e que estão apenas requerendo
a demarcação das terras tradicionalmente ocupadas por eles, em cumprimento a um
termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado pelo MPF e a Fundação
Nacional do Índio (Funai) em 2007 e que até hoje não foi cumprido. Sofrem abusos
e violências por parte dos “proprietários” das terras , onde são
expulsos seguidamente de forma violenta
com agressões físicas sem dó nem piedade a idosos e crianças. A história desse povo já se arrasta por quase cem anos é realmente pouco caso do Ministério Publico Federal e da FUNAI.
Nesse
caso, comparando com os parágrafos iniciais vejo a necessidade de haver uma
orientação para a posse das terras de forma socialmente justa e que contemple além
do título de propriedade a legislação e a proteção desse povo BRASILEIRO onde seus direitos vem sendo violentamente
violados onde se faz necessário uma
solução que concilie o valor de “propriedade” com os direitos garantidos por lei a permanência
desse povo em suas terras tradicionais.Nada
mais justo!
Veja
bem que diferença.... Estrangeiros vem em nosso território e “compram”
facilmente o direito de “propriedade” de nossas florestas, de nossas ilhas, constroem mansões, não produzem absolutamente nada além de lixo e
esgoto e tão facilmente se mantêm eternamente como proprietários.
Muito provavelmente nesse PAÍS que é de todos contudo menos dos Brasileiros pobres e
históricos é claro ! Penso que provavelmente em breve deveremos pedir
permissão para esses estrangeiros que vêm adquirindo mais e mais
propriedades em “nosso” Brasil , permissão para permanecermos em nosso próprio
território.....
Um comentário:
Regina Márcia Moura Tavares -
Compartilho sua angústia diante da situação, pois ela é minha, também, há muito tempo. Como antropóloga ( muito antes de ser cantora) não aceito o fato de nossos nativos estarem ainda sob a tutela do estado,dependentes da ação de órgãos ineficientes e sujeitos a interferências de natureza política. No meu entender, somente uma atuação insistente dos órgãos de imprensa denunciando toda sorte de "inversão de direitos" em nosso país pode colaborar para que tais questões tomem outro rumo.
14 de novembro às 17:34 · via facebook
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