27 de agosto de 2011

A NATUREZA ARTÍSTICA



Adriana Teixeira Simoni



Impressiona quando a natureza se transforma através da mão humana em uma forma portátil de exibição.  Uma forma que necessita  uma sensibilidade  maior que permita  perceber o quão grande é aquele elemento ali maquetado que apesar de se apresentar  como parte  deslocada do todo ainda se mostra tão belo ou  ainda mais belo  que a porção    inteira da  natureza.


A reinvenção da natureza se desabrocha a partir de uma ideia que pode ser em versos, textos  ou em misturas de tintas, papel e tela  ou ainda numa construção unindo objetos da própria natureza ou  que deixaram de ir de encontro a ela descartados sem consciência do mal que causariam a essa  peculiar beleza.

Artesanato, ilustração, pintura, foto, escultura, instalação, são  todas as formas de expressão artística que podem usar a natureza com sabedoria criatividade e imensa exploração sem danificar  sua beleza e comprometer sua biodiversidade. Muito pelo contrário, promovem sua contemplação e possibilitam uma visão diferente, uma reflexão mais apaixonada , o que permite até mesmo  quem não  pode ver,   sentir ao toque a expressão desta beleza .

 Não existe jogo de palavras,   nem a arte copia a natureza nem a natureza esnoba a arte . Elas convivem uma,   expressão da outra e nos embebedam com suas belezas.  Algumas obras necessitam uma imersão dentro de nós,    confundem   algumas pessoas deixando-as perplexas,   perdidas em imagens que nada entendem, mas o que faltou foi apenas  um  olhar a mais para a  arte  e uma reflexão  interior para  perceber a natureza exposta naquela arte.

Posso fazer arte do  ruído dos rios  , do som  de  pássaros  assim como fez o artista Cildo Meireles em sua demonstração de arte fazendo referência ao fluxo da água, à audição e à risada, onde ele explora o som produzido por rios brasileiros em especial na bacia do São Francisco  numa  instalação intitulada de  “Rio oir”  que está  em exposição no  Itaú Cultural,  Av. Paulista, 149 - SP de 21 de Agosto a 2 de Outubro. Entrada Franca.

Questionado  o Artista em entrevista a Revista Veja , a respeito de sua obra que foi iniciada em 1970,  estar mais inserida  hoje  nos debates sobre  meio ambiente  -  Cildo  responde :    “ - Tentei discutir também o descuido em relação aos rios no Brasil, e nesse sentido o São Francisco é exemplar. As usinas hidrelétricas estão acabando com a vazão dele nas últimas décadas.”

Percebe-se por essas declarações, que o artista tem sensibilidade para além do encanto  exposto em  sua obra   nos remetendo a  uma reflexão maior   sobre a necessidade de cuidar melhor de nosso rios.

Que  os Rios nos permitam além de abastecer a vida,  o  desfrute   de  suas  expressões na   arte  imitando-o   na cor e  na vazão que a natureza lhe conferiu  garantindo que seja explorado assim para todo sempre,  para a  vida e na arte.


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