Adriana Teixeira Simoni
Impressiona
quando a natureza se transforma através da mão humana em uma forma portátil de
exibição. Uma forma que necessita uma sensibilidade maior que permita perceber o quão grande é aquele elemento ali
maquetado que apesar de se apresentar como parte deslocada do todo ainda se mostra tão belo ou ainda mais belo que a porção
inteira da natureza.
A
reinvenção da natureza se desabrocha a partir de uma ideia que pode ser em
versos, textos ou em misturas de tintas,
papel e tela ou ainda numa construção
unindo objetos da própria natureza ou
que deixaram de ir de encontro a ela descartados sem consciência do mal
que causariam a essa peculiar beleza.
Artesanato,
ilustração, pintura, foto, escultura, instalação, são todas as formas de expressão artística que
podem usar a natureza com sabedoria criatividade e imensa exploração sem
danificar sua beleza e comprometer sua
biodiversidade. Muito pelo contrário, promovem sua contemplação e possibilitam
uma visão diferente, uma reflexão mais apaixonada , o que permite até mesmo quem não pode ver, sentir
ao toque a expressão desta beleza .
Não existe jogo de palavras, nem a
arte copia a natureza nem a natureza esnoba a arte . Elas convivem uma, expressão da outra e nos embebedam com suas
belezas. Algumas obras necessitam uma
imersão dentro de nós, confundem algumas pessoas deixando-as perplexas, perdidas em imagens que nada entendem, mas o
que faltou foi apenas um olhar a mais para a arte e
uma reflexão interior para perceber a natureza exposta naquela arte.
Posso
fazer arte do ruído dos rios , do som de pássaros
assim como fez o artista Cildo Meireles em sua demonstração de arte fazendo
referência ao fluxo da água, à audição e à risada, onde ele explora o som
produzido por rios brasileiros em especial na bacia do São Francisco numa
instalação intitulada de “Rio
oir” que está em exposição no Itaú Cultural, Av.
Paulista, 149 - SP de 21 de Agosto a 2 de Outubro. Entrada Franca.
Questionado
o Artista em entrevista a Revista Veja ,
a respeito de sua obra que foi iniciada em 1970, estar mais inserida hoje nos
debates sobre meio ambiente - Cildo responde :
“ - Tentei discutir também o
descuido em relação aos rios no Brasil, e nesse sentido o São Francisco é
exemplar. As usinas hidrelétricas estão acabando com a vazão dele nas últimas
décadas.”
Percebe-se
por essas declarações, que o artista tem sensibilidade para além do encanto exposto em sua obra nos remetendo a uma reflexão maior sobre
a necessidade de cuidar melhor de nosso rios.
Que os Rios nos permitam além de abastecer a vida, o desfrute
de suas expressões
na arte imitando-o na cor e
na vazão que a natureza lhe conferiu
garantindo que seja explorado assim para todo sempre, para a vida e na arte.
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