Adriana
Teixeira Simoni
É fato
que quando queremos escrever algo de valor nos remetemos ao uso da útil ferramenta
“rascunho”. Ela nos permite errar, não concordar mais, mudar o sentido do
texto, inverter posições. Também nos permite desistir daquele parágrafo inteiro
e preterir seu uso para o futuro.
Contudo,
que rascunhar ideias seja útil, o pensamento que nos encaminha a cada rabisco
tem uma ideia central, tem um tema, uma direção que nos envolve e inspira,
culminado finalmente num texto que venha manifestar o tema pretendido, que na
Rio+20 será de ações globais para o desenvolvimento
sustentável.
Entre
os dias 13 e 22 de Junho a Conferência das Nações Unidas para o desenvolvimento
Sustentável reuniu muita gente importante no intuito de redigir um documento
final que viesse a estabelecer metas para o crescimento econômico social e
ambiental para os próximos 20 anos.
Todavia
ao acompanhar tudo que se passou na Rio + 20
de positivo ou de negativo em relação ao “Futuro que Queremos”, foi
possível perceber que a sociedade e entidades civis aproveitaram os espaços
destinados a discussões paralelas na cidade do Rio de Janeiro para protestar
sobre vários temas. Há quem diga
que nesses espaços era possível anotar rabiscos que deveriam ter sido levados em conta nesse
documento final, pois manifestações sociais sempre procuram mostrar onde a
pedra está realmente apertando no sapato.
Chego
a concluir que por meio dessa grande conferência pouco de imediatismo com
referência a soluções ou inovações para implementar o desenvolvimento
sustentável irão acontecer . Servirá novamente para destacar o adiamento das
decisões mais importantes e necessárias comprometendo o crescimento equilibrado e postergando
adequações compartilhadas entre nações.
Os
países desenvolvidos não ponderam em declinar de seu crescimento impactante e
por outro lado os países em desenvolvimento também pretendem atingir igual
patamar. Nesse impasse os países em crescimento são mais cobrados para criarem
infraestruturas verdes que não lhes impeça continuar o crescimento, porém com
uso de novos mecanismos para contemplar a redução dos impactos contra o planeta.
Uma exigência com a intenção de passar a borracha no texto, na degradação
cometida pelos países ricos nos últimos anos. Reincidente: “Faça o que eu mando,
mas não o que eu fiz!”
Que
esse grande rascunho, permita acreditar no
progresso ao passar a limpo o texto. Com
a possibilidade de ver redigida a devida proteção das florestas, das águas e
oceanos, a segurança alimentar, a redução da pobreza sendo tudo isso acompanhado
do crescimento econômico. O desafio continua sendo frear o consumo dos recursos
naturais sem, contudo deixar de crescer. Buscar qualidade de vida sem depreciar
a inclusão e preocupação na redução das emissões de CO2 embutidas nesse crescimento.
Haja preparação e vontade política!
Entre
discussões globais e discussões em ambitos mais restritos creio haver maiores
possibilidades de formatar um rascunho melhor e mais articulado em núcleos
menores, o que possibilita apresentar definições em direção ao desenvolvimento
sustentável com soluções mais realistas focadas num olhar local. Entretanto, um texto que permita traçar
caminhos sustentáveis para agora e não prescrevê-los nas iniciativas ou em outras
discussões a partir de 2015 é algo que esse rascunho final não propõe para a Conferência
Rio +20.
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