1 de dezembro de 2016

DEBATER O DESPERDÍCIO da ÁGUA NAS ESCOLAS






“Não é incomum que os livros didáticos (e outros materiais que abordam essa questão) silenciem sobre o consumo e o desperdício da água nos segmentos industrial e agrícola, que são bem superiores ao consumo e desperdício doméstico”. A observação é de Larissa Brant, estudante de Engenharia Ambiental da UFMG, que ministra minicurso junto ao professor do Coltec, Eliano de Freitas nesta terça, 18 de outubro, na Semana do Conhecimento. O tema: ‘Educação e água: As abordagens sobre a água nos livros didáticos do ensino médio’. A atividade integra projeto da Universidade que realiza análise crítica sobre a abordagem do tema ‘água’ nos livros escolares adotados em 30% dos estabelecimentos do país. Conheça o trabalho na entrevista de Larissa a Miguel



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Durante a Semana do Conhecimento da UFMG você realizará curso sobre como os livros didáticos brasileiros analisam o tema ‘Água’. Poderia nos falar de sua pesquisa sobre a questão?
A pesquisa analisa a abordagem do tema água nos livros didáticos de geografia do ensino médio aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático 2015. Propomos uma análise crítica sobre os discursos e representações da questão ambiental nos materiais didáticos e paradidáticos. O objetivo é compreender como ocorre a produção e disseminação dos discursos sobre a água nos livros. O que esses discursos refletem ou retratam sobre a “problemática da água” nesse momento histórico? Quais ideologias são veiculadas, por meio dessas abordagens didáticas? É importante destacar que o trabalho integra um projeto mais amplo - A Crise Ambiental nos meios de comunicação e em materiais (para)didáticos da educação básica: abordagens geográficas, coordenado por Eliano de Souza Martins Freitas, professor do Coltec da UFMG. Assim, essa abordagem sobre a água tem sido feita por meio de pesquisas e análises em diferentes contextos.
Como foi a escolha dos livros didáticos? Qual o critério usado para selecioná-los?

No Programa Nacional do Livro Didático 2015 foram aprovadas 18 coleções para serem escolhidas pelos professores de geografia de todo o território nacional. Dessas coleções, 16 foram distribuídas, sendo que detectamos que três coleções, que utilizamos na pesquisa - elas representam cerca de 30% dos livros adotados no país. Ou seja, essas coleções tiveram grande penetração nos estabelecimentos de ensino do país e, certamente, estão veiculando discursos e representações sobre a água, nos diferentes espaços escolares. Nesse sentido, é importante analisar tais coleções, pois acreditamos que esses discursos e representações podem ter grande influência nas concepções sobre a água que os estudantes terão ao final da educação básica.
O que chamou sua atenção nestes livros ao longo da pesquisa?
A água é trabalhada numa perspectiva de recurso finito e de que estamos próximos a uma “escassez hídrica absoluta”, quando na verdade, estudos já demonstram que a quantidade de água no planeta é a mesma desde a última glaciação, e que podemos estar com uma disponibilidade aumentada devido ao aquecimento global, como alguns pesquisadores na área já divulgam amplamente.
Trata-se de um tom apocalíptico sobre a água, com base no que denominamos de Ideologia do Desenvolvimento Sustentável, em um contexto de transformação da água em mercadoria e de, por exemplo, demonização do uso doméstico, colocando esse setor como responsável pelo maior desperdício e pela escassez hídrica absoluta, quando na verdade o maior desperdício está no setor agropecuário e a escassez absoluta não é uma realidade.
Não é incomum que os livros didáticos (e outros materiais que abordam essa questão) silenciem sobre o consumo e o desperdício da água nos segmentos industrial e agrícola, que são bem superiores ao consumo e desperdício doméstico. Ao mesmo tempo, é possível verificar que determinados temas ligados a água são silenciados no discurso dos livros didáticos, como por exemplo os conflitos pela água no Brasil e no mundo, a ausência de exposição e reflexão de alguns conceitos que são importantes à essa temática, as discussões sobre os avanços e retrocessos da legislação brasileira sobre a água, etc.
Não é que a água não deva ser preservada pelo usuário comum, mas a situação real do problema é outra. Assim, há uma “política do silêncio” no que tange a água, pois enquanto estamos culpabilizando o uso doméstico e prescrevendo como os indivíduos devem se comportar para economizar água, não permitimos que outras reflexões críticas sobre a “problemática da água” façam parte das aulas de geografia (e de outras disciplinas), perdendo a oportunidade de sensibilizar os estudantes para uma formação mais crítica.
Para se ter uma ideia, somente no estado de Minas Gerais, no ano de 2015, foram detectados diversos focos de disputa pela água, com ocorrências policiais ligadas a sabotagens, ameaças e agressões. São conflitos por disputas de mananciais envolvendo o agronegócio, com monoculturas diversas (eucalipto, milho, soja), extração mineral, pecuária e piscicultura, em todas as mesorregiões do território mineiro, com destaque para conflitos em municípios como Uberlândia, Uberaba, Patos de Minas, Araguari, Pará de Minas, Paraopeba, Unaí, Caeté e São Gotardo.
Esse é um problema comum às três coleções?
No que tange essa pesquisa, analisamos, até o momento, uma das obras e estamos preparando as análises para as duas outras selecionadas. Mas, estamos ampliando as análises para as demais, pois é nossa intenção já ter uma primeira aproximação com os temas dos outros volumes selecionados para análise durante a Semana do Conhecimento, pois ofereceremos o minicurso ‘Educação e Água: as abordagens sobre a água nos livros didáticos de geografia do ensino médio’. A previsão é de que até abril de 2017 a pesquisa com as três coleções mais vendidas no Brasil esteja finalizada. Há também a perspectiva de continuidade da pesquisa para as demais coleções, a partir de 2017.
Em que essa análise impacta na formação ou atualização de professores de geografia?
Essas pesquisas são importantes, pois permitem pensar novas estratégias e didáticas. A partir do que é detectado pelas pesquisas é possível pensar em materiais didáticos alternativos para que os professores ampliem suas possibilidades de intervenção em sala de aula. Por isso, propomos o minicurso Educação e Água. Estamos preparando novas propostas pedagógicas para os professores e entregaremos para cada participante do minicurso um conjunto de atividades para complementar as discussões propostas nos livros didáticos. Futuramente , as propostas didáticas produzidas deverão estar on-line para os professores acessarem livremente. Em outros termos, há uma preocupação em articular pesquisa, ensino e extensão, a partir dos estudos desenvolvidos no grupo.
Como a atualização dos professores poderia refletir na formação de estudantes do ensino médio?
A Geografia considera que, como todos fazem parte do espaço geográfico, cada um tem o poder de modificar esse espaço, que é formado também por ações humanas. Acreditamos que o estudante deva ter essa consciência para realizar transformações efetivas na situação da crise hídrica, em vez de manter uma visão tradicional sobre a questão. A partir do momento em que se ampliam as discussões sobre a “problemática da água”, ampliam-se também as reflexões para que o estudante do ensino médio tenha um conhecimento mais aprofundado sobre essa temática.
E sem a análise crítica a ação transformadora não ocorreria?
Acredito que não aconteceria de forma efetiva. A Ideologia do Desenvolvimento Sustentável, na nossa opinião, tem o poder de subordinar e qualificar os sujeitos ora para manutenção do status quo ora para o questionamento e subsequente transformação da ordem vigente. Nesse sentido, a ação transformadora só poderá ocorrer, por meio de uma abordagem crítica sobre a “problemática da água” (e das demais questões ambientais), que vise explicitar os silenciamentos que ocorrem nessas discussões. A água deve ser tratada como um direito de todos e não como um bem econômico. A análise crítica permite ressignificar esse debate em diversos níveis de ensino.
Como a pesquisa será apresentada em um minicurso?
Além de mim e do meu orientador, o minicurso contará com duas outras pesquisadoras de Iniciação Científica do Programa de Monitoria do Ensino Técnico que trabalham com questões culturais e com as tensões sobre a água nos livros didáticos. Estamos reunindo esses conhecimentos para realizar o minicurso. Ainda estamos tecendo os detalhes, mas temos boas expectativas. A ideia é fazer um mapeamento inicial de como os participantes do minicurso veem a problemática da água, qual o entendimento dos mesmos sobre as formas de debate e discussão dessa temática no ensino básico; posteriormente, pretendemos apresentar os eixos de discussão propostos nos livros didáticos analisados, numa perspectiva crítica apontando o que é positivo nesses materiais e o que, em nossa concepção, deve ser melhorado. Por fim, apresentaremos algumas propostas de intervenção em sala de aula e entregaremos alguns materiais para os participantes.
A ideia é focar em licenciandos: qual resultado o minicurso pretende atingir?
Achamos que esses estudantes chegarão com uma perspectiva diferente da que abordaremos. Teremos estudantes de biologia, ciências socioambientais, química e de outras áreas correlatas, que nem esperávamos que fossem participar. Nossa intenção é criar espécie de manual que reúna nossa visão junto a uma nova perspectiva trazida pelos alunos do curso sobre a questão da água - e que possa ser divulgado para todos que não puderem participar das atividades. Esse material contará com propostas de aula, alguns de nossos resultados e ideias para tratar as questões.
Fonte: https://medium.com/@ufmg/%C3%A1gua-na-did%C3%A1tica-vis%C3%B5es-de-um-silenciamento-pol%C3%ADtico-87bcca5a824e#.gplrzn4br

29 de setembro de 2016

LONGA VIDA E CAMADAS DE PROBLEMAS



A embalagem cartonada (conhecida também por longa vida), criada na década de 1970, trouxe enormes benefícios à sociedade, que pode armazenar alimentos por um longo período de tempo sem que os mesmos apodrecessem. Benéfica do ponto de vista logístico – foi adotada em larga escala para armazenar toda sorte de alimentos e bebidas imagináveis -, no entanto, tornou-se um grande problema ambiental: é um composto de papel, plástico e alumínio humanamente inseparável, o que impede sua reciclagem integral. 

(Entenda todo o processo no site  Como tudo funciona)

Já que a melhor maneira de ajudar uma pessoa é ensiná-la a pensar... Pensemos juntos

1) A embalagem Longa Vida é difícil de reciclar

2) Ela armazena os alimentos por um longo tempo para que eles não fiquem podres!!!! 

3) Se eu deixar um leite, um suco, um creme de leite ou qualquer outro alimento fora da geladeira numa prateleira por 6 meses, o que acontece?

4) Claro que para ele durar 6 meses sem apodrecer tem que passar por algum processo, o que acontece com os nutrientes desse alimento, será que é a mesma coisa um suco de laranja feito na hora e um de caixinha? E o leite então? 

5) Quanto custa o kilo da laranja e uma caixinha de suco longa vida? Quanto de laranja mesmo tem no litro de suco industrializado? E a vitamina C como fica?

6) Ah mas é  muito mais prático! Sera mesmo? Quanto tempo se leva para espremer 3 laranjas para fazer um copo de suco de verdade? 



7) Na questão do leite. Claro que não é possível para a maioria de nós ter uma vaquinha no quintal, mas tem as feiras orgânicas onde você pode comprar laticínios direto do produtor e de quebra abasteça sua geladeira com verduras diretas da horta. Tem os produtores orgânicos que entregam em sua casa. Tem os leites frescos vendidos no supermercado e que ficam na geladeira, assim como o creme de leite fresco sem aditivos químicos. Todos podem ser congelados. Você então pode comprar para a semana.

8) A ultrapasteurização é um processo no qual o leite é aquecido a temperaturas muito altas, acima de 140C. A essa temperatura, praticamente todos os microrganismos presentes no leite são eliminados, mas, com eles, algumas vitaminas e outros nutrientes também são perdidos. O leite é considerado fonte de outras coisas, como cálcio e proteínas. A perda de vitaminas e lactobacilos não é importante segundo a indústria de Leite Longa Vida.

9) O aquecimento a altas temperaturas no processo UHT é realizado para acabar com todas as bactérias e os microrganismos presentes no leite. Isso torna possível a armazenagem do produto sem refrigeração, desde que em embalagens apropriadas, por cerca de seis meses.( as bactérias e os microorganismos ficam lá  boiando mortinhos?)

10) O Leite Pasteurizado recebe um tratamento térmico suave de 72ºC, que garante a destruição de bactérias patogênicas. Com esta temperatura:
-As vitaminas do grupo B são praticamente inalteradas.
-As proteínas e açucares do leite não sofrem dano.
-Os lactobacilos benéficos para a flora intestinal permanecem vivos.Estes lactobacilos acidificam o leite em 5-7 dias, ou em muito menos se o leite não é conservado em frio. O que é um probiótico excepcional para a saúde, quando o leite é fresco, se torna um prejudicial da qualidade quando o leite é velho ou mal conservado.
-O leite pasteurizado pode ser conservado em qualquer embalagem (vidro, plástico).


Entendendo melhor os processos de Pasteurização e UHT:

O Leite UHT (Ultra Hight Temperature) sofre um tratamento térmico violento de 140ºC que destrói todas as bactérias, as patogênicas e as probióticas. 

Com esta temperatura:
-As vitaminas do grupo B são destruídas a níveis do 50%.
-As proteínas e açucares são alterados interatuando entre si (reação de Maillard), por isto o leite de caixinha tem sabor de queimado.
-Os lactobacilos probióticos são totalmente destruídos.
O leite UHT pode ser conservado por 180 dias sem frio, mas o forte impacto térmico e enzimas resistentes ao aquecimento fazem que os componentes, nutricionais e físicos, fiquem se deteriorando dia a dia. Por isto o leite de caixinha precipita, muitas vezes antes da validade.

O leite UHT é conservado em embalagens (caixinhas) de varias capas
(cartão, alumínio e plástico) de muito difícil reciclagem e de custo muito elevado.
-O leite UHT utiliza conservantes.
  • Citrato sódico. É usado como um anticoagulante em transfusões de sangue. Ele continua a ser usado hoje em tubos de coleta de sangue e para a preservação de sangue em bancos de sangue. O íon citrato seqüestra íons de cálcio no sangue, rompendo com o mecanismo de coagulação. É usado para tratar desconforto em infecções no trato urinário, tais como cistite, para reduzir a acidose vista em distal acidose renal tubular, e pode também ser usado como um laxativo osmótico.
  • Fosfato trissódico. Vendido como um enema, agindo como um laxativo para tratamento de constipação. Os enemas de fosfato de sódio são vendidos como “medicamentos de balcão” nos EUA.
  • Monofosfato monossódico. É usado como um laxativo e, em combinação com outros fosfatos de sódio, como um tampão de pH. Usado também na limpeza e tratamento de superfícies metálicas, no tratamento de efluentes, em processos da indústria farmacêutica.
  • Tripolifosfato de sódio. É utilizado como agente de flotação, dispersante, emulsificante, estabilizante de solos, seqüestraste e como reforçador em produtos destinados a limpeza, como detergentes e sabões em pó. Encontra aplicações em ramos de atividade e indústrias tão variados quanto na agricultura, argila e pigmentos, borracha, cimento e cerâmica, construção civil, sanitários, detergentes e produtos de limpeza, lubrificantes, papel e celulose, pastas para os mais diversos fins, indústrias petrolíferas, têxtil e formuladores têxteis, tintas e vernizes, tratamento de água, vidraria, tratamento de superfície e formuladores.
  • Outros conservantes similares utilizados no leite:
  • - Citrato trissódicoTrifosfato de sódio
    - Monofosfato de sódio
    - Difosfato dissódico
    - Difosfato de sódio

Fonte: Qualitat /Alimento Puro: Da série: A melhor maneira de ajudar uma pessoa é ...:   

E agora, pensando melhor para quem as embalagens Longa Vida 
são um excelente negócio? 
Para vc ou para a indústria de "produtos alimentícios" e pontos de venda?

FINALMENTE UM DESTINO PARA O ISOPOR



Desde o dia 13 de abril, a cidade São Paulo passou a disponibilizar um ponto de coleta de isopor para incentivar sua população a realizar o descarte correto. Segundo o vereador Gilberto Natalini, responsável pelo projeto, a ideia é conscientizar todos os cidadãos sobre a reciclagem do isopor – que precisa de pelo menos oito anos para se decompor na natureza.
Localizada na área externa da Câmara Municipal de São Paulo, a PEV-M já está à disposição das pessoas que quiserem descartar corretamente suas embalagens de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e outros equipamentos, em uma área reservada para que o cidadão descubra mais informações sobre o material e o seu processo de reaproveitamento. Depois disso, todo o volume recolhido é encaminhado para as cooperativas Coopervivabem e Cora para tratamento e comercializado junto às fábricas que farão uso deste material.A iniciativa de criar o PEV-M (Ponto de Entrega Voluntária Monitorado) tem como objetivo reaproveitar todo este material que, antes, seria descartado junto ao lixo comum e agora pode ser usado como matéria-prima para produção de novas molduras de quadro, chinelos, telhas termoacústicas, entre outros.
Oficialmente, o material é batizado como EPS (sigla internacional para Polietileno Expandido), mas se popularizou como isopor após a empresa Knauf Isopor registrar a marca.
O projeto conta com a parceria da Plastivida e da Comissão de EPS da Abiquim, que, em 2015, já haviam lançado a Campanha Recicla Isopor® com o mesmo objetivo. Conforme informações dos responsáveis pelo PEV-M, apenas cerca de 34,5% do isopor pós-consumo foi reaproveitado para reciclagem. A ideia é aumentar exponencialmente esse número – já que existe a possibilidade de novos pontos de coleta serem criados na capital paulista.
Desta forma, a expectativa do projeto, a longo prazo, é gerar maior economia na produção de EPS, movimentar o setor de reciclagem e, consequentemente, empregar novos profissionais na área.
Fonte:http://www.pensamentoverde.com.br

20 de agosto de 2016

CLUBE DE MÃES DO BRASIL- Projeto EcoArte



CONHECENDO O PROJETO  “EcoArte Recicle”

Trabalhamos em prol da cultura e geração de renda, que é revertida para os próprios participantes do projeto, favorecendo a inserção destes na sociedade e ajudando no desenvolvimento familiar e de sua competência pessoal e profissional. Para um empreendimento ser sustentável, é preciso ter três requisitos básicos: Ser ecologicamente correto, Economicamente viável e Socialmente justo, mas também ser Culturalmente aceito. O que antes era jogado em aterros e levava um período grande para decompor, hoje vira bolsas e outros produtos de uso comercial. É um processo de consciência, criatividade e atitude que o projeto propõe. Os produtos de PVC estão dentro dessas exigências, onde o próprio pode ser reutilizado ou reciclado.

A reutilização de banners para a produção de diversos artigos faz parte do Projeto que acontece há mais de 4 anos. Através dessa transformação (que é a reutilização), procuramos conscientemente preservar o meio ambiente, combinando com produtos de qualidade, com responsabilidade socioambiental e no aspecto social.


Atualmente são 28 pessoas que trabalham no projeto desde o recolhimento do banner, limpeza, designer, corte, costura e acabamento, sendo 15 na instituição e 13 na comunidade da Cidade Tiradentes, podendo ser ampliado de acordo com as parcerias surgidas para outras comunidades.

O Projeto EcoArte Recicla é composto por três processos: o primeiro estágio, Vida Nova, de ação elementar de assistência e triagem dos atendidos pelo Clube de Mães. Este estágio é prosseguido por mais dois processos, Arte e Recicle, que se retroalimentam utilizando o lixo reciclável como matéria-prima trabalhada pelo Clube de Mães para solucionar o problema da situação de  vulnerabilidade extrema dos seus atendidos, promovendo capacitação profissional, autonomia financeira, resgate da autoestima e integração na sociedade.

COMO ACONTECE

Vida Nova


São atendidos semanalmente mais de 150 pessoas em situação de vulnerabilidade e      risco social, através de acolhimento psicológico, médico, social, distribuição de refeições, cesta básica, roupa, banho e encaminhamentos diversos.
Esta ação primária de assistência é prosseguida por uma segunda fase, de triagem da população atendida (que é feita por assistentes sociais e psicólogos), para participação nos processos:

Arte

Feito o atendimento primário no projeto Nova Vida que inclui os cuidados básicos e a alimentação, os acolhidos são convidados a integrar o Projeto Arte, em atividades das oficinas com o objetivo de se ocuparem, terem um ofício, retomarem a autoestima e reintegração social.

Projeto de sustentabilidade socioeconômica e ambiental, tendo atualmente dezoito moradores em situação de rua que realizam produção de bolsas, sacolas de supermercado/feira, porta-objetos, carteira de bolso, sacola de viagem e praia, avental, nécessaire, porta-níqueis, porta-celular e chaveiros a partir de banners de PVC. Os produtos são feitos de forma totalmente artesanal, tendo designer único, com estilo e exclusividade.

 Recicle

Em prosseguimento às ações desenvolvidas nos projetos Vida Nova e Ecoarte, o processo Recicle surge, inicialmente, como piloto com a função de reintegrar socialmente estas vidas através da capacitação e autonomia profissional, e também reduzir o impacto ambiental ao utilizar o material reciclável como matéria-prima para a arte produzida no projeto Arte.

Este piloto (com previsão de dezoito meses) é desenvolvido em parceria com o Mercado Municipal Cantareira (Mercadão Central), que cede ao Clube de Mães todo o lixo produzido em seu espaço, por sua parte a ONG possui uma equipe de pessoas para realizar a coleta, seleção e reciclagem deste lixo.

A perspectiva a médio e longo prazo, a partir da análise e avaliação desta experiência piloto no Mercado Central, será a de ampliar o escopo de atuação do projeto para implementá-lo em 34 Mercados Municipais na cidade de São Paulo, envolvendo diretamente 680 pessoas. 

4 de junho de 2016

A SEMENTE DA CIDADANIA


Adriana Teixeira Simoni

A zona de conforto é um lugar maravilhoso, uma pena que ela não leve à transformação. Enquanto me fecho no meu conforto, o ambiente onde vivo é destruído. Enquanto olho, vejo, critico e não junto o lixo da praça, que penso ter sido espalhado pelo gato da vizinha ou o cachorro abandonado; a praça fica imunda, a cidade parece abandonada  com quarto,  sala, cozinha e escritório,  dado ao volume de colchões, armários e sofás jogados pelos quatro cantos da cidade. 
Mas o fato é que, o bueiro levará na primeira chuva uma porção desse seu “conforto” para o rio... E , o resultado disso a gente sabe, tira o conforto de muita gente, nem sempre o nosso, pense nisso!

É cansativo, mas importante repetir que os pequenos atos são os que mais trazem transformação,  e,   o ambiente é o  que mais necessita desse  nosso olhar ,  nossa ação antecipada.

O poder público tem a “obrigação” muitas vezes isso é certo, mas enquanto se aguarda o Prefeito, o representante mais próximo que temos resolver onde investe em sua administração com olhar na reeleição, o ambiente pena pois na sua visão esse investimento não “aparece” . E assim , a cidade desinteressa, desestimula viver nela, decepciona e cala ao invés de nos movimentar.

Cidadãos que somos, por imposição de Lei, pagamos nossos impostos e desejamos o retorno pelos feitos de uma administração, mas jamais devemos sentar aguardando a “boa vontade” desse poder público. Sair do conforto é imprescindível, seja para “eles” saberem que você cidadão existe, ou para diminuir com sua pequena atitude  a destruição maior : o seu bem estar.  Ideal começarmos por onde se vive: nossa casa, nossa rua, nossa praça mais próxima. Esqueça vergonha, posição, importância social. Vamos  Sair do conforto e buscar  ajudar a transformar em como desejamos ver.

Comece guardando sempre a reciclagem para um reciclador autônomo ou cooperativa, se tiver espaço faça compostagem de resíduos orgânicos, junte o lixo espalhado na praça, em frente sua casa  e recondicione-o  civilizadamente; leve a uma lixeira mais próxima uma latinha ou PET perdida em sua caminhada ou passeio de bicicleta. A cidadania é o ato mais esquecido e o mais relevante em relação com o  meio ambiente.
Todos querem praças lindas, ruas limpas, jardins floridos. Porém qual semente você cidadão tem plantado?

A semente da atitude não pode sentar no conforto, ela deve se atirada, revoltada, misturada a sua vontade e desejo de melhoria. Essa semente nos a  possuímos em abundância, e é a única semente que quanto mais se usa, mais se tem vontade de usar.

Se a zona de conforto é um lugar maravilhoso,  que a gente contemple esse conforto com a consciência exaltada pelas nossas pequenas ações no dia a dia, da pró-atividade, do reconhecimento do bem que podemos fazer pelo nosso ambiente, que é grande, mas começa no nosso Lar.

Um feliz  dia Mundial do Meio Ambiente,  repleto de consciência para seus habitantes.


Adriana é Assistente social com ênfase socioambiental. Administradora do Blog Ideias Sustentáveis : http://drikafarah.blogspot.com.br/

11 de março de 2016

BACTÉRIA SALVADORA SE ALIMENTA DE PET


Cientistas japoneses anunciaram nesta quinta-feira (10) a descoberta de uma bactéria capaz de decompor completamente o polietileno tereftalato -- o plástico do qual são feitas as garrafas PET, um dos problemas mais graves de poluição no planeta.
O microrganismo, que oferece uma perspectiva mais viável para tratar o acúmulo desse material no ambiente, foi encontrado em uma usina de reciclagem de lixo. A bactéria, batizada de Ideonella sakaiensis, se alimenta quase que exclusivamente de PET.
Segundo os cientistas, a descoberta é de certa maneira surpreendente, porque a bactéria aparenta ter adquirido a capacidade de degradar esse tipo de plástico em um processo que durou poucas décadas. Na escala da evolução biológica, é um piscar de olhos.
Em estudo na revista "Science", o grupo liderado pelo biólogo Shosuke Yoshida, do Instituto de Tecnologia de Kioto, descreve como uma colônia microrganismo conseguiu degradar uma folha fina de PET em 6 semanas. Pode parecer muito tempo, mas é rápido para um tipo de plástico que leva centenas de anos para se decompor espontaneamente.
Para decompor o PET, a bactéria produz duas enzimas -- moléculas biológicas que promovem reações químicas -- cuja função específica é degradar esse plástico. O PET é composto por uma estrutura molecular de carbono altamente estável, que quando atacada pela bactéria se rompe em componentes menores, que podem ser incorporados ao ambiente sem problemas.
O trabalho dos cientistas japoneses envolveu a análise de 250 amostras de bactéria encontradas na usina de reciclagem. A descoberta é importante, afirmam, mas é preciso descobrir ainda meios práticos de produzir essas enzimas e usá-las em larga escala para tratar resíduos plásticos que poluem ambiente, sobretudo nos oceanos.
De um jeito ou de outro, estudos sobre a Ideonella sakaiensis devem acelerar esse processo, já que tudo o que se conhecia antes era alguns fungos capazes de decompor PET parcialmente. Usar bactérias que aniquilam totalmente o plástico para desenvolver um tratamento biológico para esse tipo de lixo deve ser bem mais fácil, dizem os cientistas.
O planeta produz hoje cerca de 50 milhões de toneladas de PET por ano, e menos de 15% do material é reciclado. O que não é contido em aterros sanitários nem incinerado acaba indo parar em rios e mares -- fragmentado em pequenos pedaços -- e é extremamente nocivo para criaturas aquáticas.
Fonte: G1

4 de janeiro de 2016

EU, TU, ELES E NOSSA SEGURANÇA




Adriana Teixeira Simoni

Em tempos de reclamar e apontar o dedo a tudo que está errado, a dar sua opinião mesmo sem ter conhecimento profundo sobre o assunto. De se achar no  direito de se expressar (ofendendo) não importando a quem vai atingir. Vejo muita gente julgando uns e outros de corruptos, ladrões, bandidos, podres, sujos, incompetentes. Enfim, a lista é grande. Em tempos de doenças maldosas e até fatais como Dengue, chikungunya  e zika , não importa mais os adjetivos , nem tão pouco quem “DEVE” ter a responsabilidade. Se quisermos uma vida melhor é nosso dever colaborar imparcialmente. A segurança será para todos e não apenas para mim.

O assunto é, na verdade, o  LIXO. Nada tem a  ver com pronomes, mas sim, com comportamentos. Eu posso dizer que tenho, não tento, tenho, o melhor comportamento possível com meu lixo, e as vezes com de meus vizinhos também. Lógico, que nem tudo pode ser perfeito quando o poder público não atua como esperado; aí eu realmente tento fazer o melhor, nem sempre consigo. Mas jamais deixo de fazer, pois pode ficar pior.

Quando falamos na primeira pessoa, damos significado a nossas vontades, desejos e opiniões. É na pessoa do EU, que tudo pode tomar forma bem  distinta. Apontar nunca é para mim (“EU”), sempre para eles. Portanto, precisa partir de mim a coisa  bem feita para poder apontar o mal feito do outro.

Estamos em 2016, desfrutamos de liberdade de expressão, escrevemos com toda coragem do mundo tudo que pensamos; deixando opiniões “sábias” na expectativa de muitas curtidas de ibope, porém não temos opinião para colocar  a própria  mão na massa carregando nosso EU mais intimo para  FAZER algo sem anunciar ,fazer por comprometimento, fazer pela razão em si: Fazer para o  meu bem, para o bem do outro, para o bem de todos.
Caminhando pelos bairros nesses dias de festas e feriado  eu fiquei estarrecida com a quantidade de lixo mal acondicionado, lixo jogado pelos matos, praças  e descampados. Como podem as pessoas exigir A ou B de  C ou D se não são capazes de administrar o próprio lixo em dias em que a coleta não passará . E, pior, serem capazes de preocupados com o “sEU” lixo em casa fedendo, agem rapidamente e jogam-no num outro bairro, numa praça; não estando na frente da sua  casa é o que importa. Com essa atitude pensam só  e unicamente em seu próprio desconforto e nada, nada lhes lembra os infortúnios das doenças provocadas por essa irresponsabilidade com o lixo , nesse  seu ato.

As coletas de lixo de aparas de jardim não cumprem calendário e pessoas jogam toda quantidade de lixo nesses entulhos como potes e latas. Que em tempos de chuvas juntam água. Esses mesmos tipos de lixos, são jogados em descampados que por sua vez também viram criadouros de mosquitos  Aedes aegypti , e lá...ninguém vai coletar...serão criadouros eternos.

Cansa falar de mal  comportamento com o lixo. O que  se torna mais desanimador é que ninguém gosta de sujeira acumulada em sua  própria casa. Mas repara na  casa do vizinho, do amigo, repara na sujeira  da “CIDADE” . Agora eu lhes pergunto? Quem suja a cidade? Quem come enlatado, consome lâmpada fluorescente, toma refrigerante ou cerveja em latinha, ou em PET. Quem toma leite? Usa fralda descartável, troca de sofá? Não é a administração de uma cidade. São os moradores dessa cidade.

Festas é algo sempre requisitado pelo povo, adoram se divertir. Querem uma festa cheia de atrativos, querem segurança, conforto, etc. Depois de uma festa popular o que mais se encontra é lixo pelo chão. Isso é aceitável num povo tão cheio de “opiniões” ?   Há... mas faltam lixeiras... Até podem faltar... Mas você também pode levar seu lixo para sua  casa. A festa na praia, no campo, no parque era apenas o lugar para se divertir  não a lixeira.


Então, se a gente fizer o dever de casa para treinar, antes de distribuir “opinião”, apontar o dedo e julgar os OUTROS ; teremos mais coisas para elogiar do que reclamar   e  muito mais coisas para reivindicar.  Pense nisso!

29 de dezembro de 2015

EÓLICA DE VENTO EM POPA NO BRASIL

Brasil é o décimo país do mundo em produção de energia eólica

Posição deve crescer nos próximos anos, devido a investimentos na área

Com geração de 12,2 terawatt/hora (TWh) de energia eólica em 2014, o Brasil  ocupa a 10ª posição no ranking mundial de geração da fonte, superando Portugal, Suécia e outros países, que estavam à frente em 2013.

O ranking de 2014 eleva o país em cinco posições em comparação ao ano de 2013, quando o Brasil estava na 15ª posição. O forte aumento na geração de 2015 deverá levar o Brasil à 7ª posição no ranking. Os dados são do “Ranking Mundial de Energia e Socioeconomia (anos 2012/13/14)”, publicação anual da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético (SPE) do Ministério de Minas e Energia (MME). Ao final de 2014, o Brasil ocupava o 3º lugar no ranking de expansão de geração eólica, com 5,6 TWh de expansão, perdendo apenas para a China (17,2 TWh de expansão) e para os Estados Unidos (14,1 TWh de expansão), e na frente da Alemanha (4,3 TWh) e da Índia (3,6 TWh).
Com relação ao volume de  fontes renováveis na oferta interna de energia, o Brasil se mantém na quarta posição, com 121 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP), ou 6,6% das fontes renováveis do mundo, de 2013. O país fica atrás apenas de China, Índia e dos Estados Unidos. Considerando os 65 países com PIB per capita igual ou superior ao brasileiro, apenas Islândia, Gabão e Uruguai, todos com menos de 4 milhões de habitantes, superam o indicador do Brasil de 40,8% de renováveis na matriz energética de 2013.
Quanto aos biocombustíveis utilizados no país, a produção de biodiesel subiu uma posição no ranking mundial de 2013, ocupando o terceiro lugar, com a produção de 2.567 mil toneladas, ficando atrás apenas de Estados Unidos e Alemanha. O forte aumento na produção de 2015 poderá levar o Brasil à 2ª posição no ranking, superando a Alemanha.
Na geração hidráulica de 2014, o Brasil ocupa a terceira posição, com 373 TWh. A China ocupa a primeira posição, com geração de 1.064 TWh e o Canadá a segunda com 379 TWh. A potência instalada hidráulica brasileira foi a terceira maior do mundo em 2012, com 84,3 GW, perdendo para a China (270 GW) e para os Estados Unidos (101,1 GW).
O boletim “Ranking Mundial de Energia e Socioeconomia” apresenta o ranking dos 15 primeiros países - de um universo de cerca de 142 - para uma seleção de 38 indicadores, cobrindo as áreas de energia, emissões de CO2, população e economia. Acesse o documento clicando aqui.

VASOS EM CACOS VIRA ARTE, TERAPIA E JARDINAGEM



































20 de outubro de 2015

OS CONDENADOS DESTA TERRA


Neimar Machado de Sousa

A lista de violações de direitos dos povos indígenas no estado de Mato Grosso do Sul é tão grave e extensa que pode ser classificada em diversas categorias: insegurança alimentar; remoção dos territórios tradicionais para as reservas indígenas; violência contra a mulher nas áreas de retomada e nas reservas, criadas pelo Governo Brasileiro; contaminação por agrotóxicos; intolerância religiosa; assassinato; trabalho escravo; exploração sexual; crianças fora da escola e sem atendimento médico, isto num contexto demográfico em que 45% dos Guarani e Kaiowá, neste estado, têm menos de 17 anos de idade.
O estado é uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizado na região centro-oeste do Brasil, fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Sua área total é de 35 milhões de ha, sendo que o rebanho de 23 milhões de bovinos ocupa 65% de todas as terras. A população Guarani e Kaiowá, removida sistematicamente deste 1915 de seus territórios transformados em fazendas, ocupa, na atualidade, apenas 0,08% das terras, 30 mil hectares.
Na década de 90, o incremento do cultivo de cana-de-açúcar para produção de etanol e biodiesel aumentou a pressão econômica sobre as terras indígenas e o consequente aumento dos assassinatos e suicídios. Os interesses econômicos nestas terras indígenas podem ser mapeados na Justiça Eleitoral, onde é possível consultar o grande volume de doações para financiamento de campanhas eleitorais de deputados estaduais por parte de empresas frigoríficas e usinas de etanol.
Em 2013, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior - SECEX, o montante das exportações do estado atingiu 4,21 bilhões de dólares americanos. Ao mesmo tempo em que os produtos agrícolas passaram a ser negociados no mercado internacional com preços regulados em bolsas de valores, de 2003 a 2015, 585 indígenas cometeram suicídio e 390 foram assassinados. Ainda assim, os casos são pouco conhecidos devido ao silêncio dos meios de comunicação, comprometidos ideológica e financeiramente com os poderes econômicos que possuíram grandes parcelas do poder executivo, legislativo e judiciário.
A população indígena total do estado é de 71 mil pessoas (SESAI, 2015), aproximadamente 10% da população declaradamente indígena brasileira, sendo que os casos mais graves de violência afetam os Guarani, Kaiowá e Terena, etnias que estão entre cinco mais numerosas do Brasil. Apesar do genocídio de 9/10 da população indígena brasileira ao longo dos cinco séculos de colonização, o país ainda é a nação com a maior diversidade étnica do continente, com 310 povos indígenas (FUNAI, 2015). Não sabemos até quando.
Nos últimos meses, a situação de violência contra as comunidades indígenas no cone sul de Mato Grosso do Sul - MS, Brasil, tem se deteriorado a tal ponto que uma das áreas, Nhanderu Marangatu, no município de Antônio João, MS, está sob intervenção do exército para garantir provisoriamente a vida dos Guarani e Kaiowá. Nesta terra indígena foi assassinado, no dia 29.08.15, o líder indígena guarani Simeão Vilhalva, 24 anos. De acordo com a comunidade, o crime, segundo a comunidade em declarações dadas à imprensa, foi resultado da ação de pistoleiros, fortemente armados, contratados por fazendeiros, que possuem títulos em terras identificadas como indígenas pelo Estado brasileiro em 2005, mas cuja homologação foi suspensa em caráter liminar pelo poder judiciário, no caso o STF.
Considerando a morosidade na identificação e homologação das terras indígenas por parte do governo federal e a suspensão em caráter liminar pela justiça de terras homologadas, muitas comunidades optaram, mesmo correndo risco de vida, em retornar para as antigas aldeias de onde foram removidas a partir do início do século XX. Este processo de retorno e reversão autônoma do confinamento tem sido denominado pelos próprios indígenas de retomada ou ocupação.
Por outro lado, na cidade de Antônio João, MS, houve incitação da opinião pública pelo sindicato rural, segundo imprensa escrita, com base no boato que os indígenas ateariam fogo na cidade, acirrando ainda mais o preconceito e provocando um verdadeiro clima de guerra. Além disso, políticos da bancada federal chegaram a participar de reuniões no sindicato patronal, ao cabo da qual, acompanharam uma caravana de proprietários rurais até o local das retomadas. Durante este conflito foi assassinada a liderança Simeão Vilhalva. Até este momento, uma parte da população indígena do município ainda está impedida pelos moradores de sacar dinheiro nos caixas eletrônicos nos comércios da cidade para compra de alimentação, produzindo uma crise humanitária pela falta de alimentos. As crianças em idade escolar nas fazendas retomadas também foram impedidas de embarcarem no transporte escolar para irem à escola. Um dos últimos desdobramentos desta crise foi noticiado pelo jornal eletrônico Campo Grande News (02.10.2015), dando conta da denúncia ao Ministério Público Estadual contra a Deputada Estadual Mara Caseiro (PT do B) por perseguição a ativistas que organizaram uma campanha de arrecadação de alimentos para índios guarani e kaiowá de área atacada em Antônio João, MS.

A foto 01 (JACIANA BENITES, 2015), de 19.09.2015, indica a dimensão do conflito, pela quantidade de cartuchos deflagrados em apenas uma noite em uma das áreas, Aldeia Potrero Guasu, município de Paranhos, MS.


A foto 02 (ELIEL BENITES, 2015), de 06.08.2015, é da ferida no pé de uma criança da Aldeia Pacurity, Dourados, MS. O menino ficou sem atendimento médico por mais de três meses.



Entre as causas deste quadro, temos a remoção forçada durante décadas dos indígenas realizada pelo próprio Estado, especialmente durante a ditadura militar (1964-1985). As lideranças indígenas que ousam romper o silêncio são ameaçadas de morte e são alvo de ataques paramilitares como, por exemplo, aquele desferido contra a comunidade de Guaiviry, no município de Aral Moreira, responsável pela morte e desaparecimento do cacique Nisio Gomes.
Em resposta, a Assembleia Legislativa do estado instalou uma Comissão de Investigação (CPI) que acusa as próprias lideranças indígenas e seus apoiadores pela violência crescente, mostrando a opção preferencial do Estado brasileiro na defesa do agronegócio e a produção de commodities agrícolas para o mercado internacional em detrimento dos direitos sociais.
De acordo com informações do governo (RENAI, 2015), o estado abate todo ano 4,6 milhões de bovinos, 12 mil cabeças por dia. Instalou, nos últimos anos, 28 novas usinas para produção de etanol e biodisesel a partir da cana-de-açúcar, ampliando as 14 já existentes. A produção de soja é de 5 milhões de toneladas/ano, gerando um enorme mercado para os insumos agrícolas de empresas multinacionais. O incremento dos investimentos por empresas e bancos está na origem do aumento da violência contra as populações originárias, especialmente na redução dos territórios tradicionais e exploração do trabalho indígena no corte da cana.
A omissão do Estado brasileiro em cumprir os direitos indígenas estabelecidos na Constituição Federal em 1988, que previu a homologação e a demarcação das terras indígenas, e o atraso na identificação destas terras permite que a violência se perpetue e se converta em genocídio.




RESUMO

OS CONDENADOS DESTA TERRA

A lista de violações de direitos dos povos indígenas no estado de Mato Grosso do Sul é tão grave e extensa que pode ser classificada em diversas categorias: insegurança alimentar; remoção dos territórios tradicionais para as reservas indígenas; violência contra a mulher nas áreas de retomada e nas reservas, criadas pelo Governo Brasileiro; contaminação por agrotóxicos; intolerância religiosa; assassinato; trabalho escravo; exploração sexual; crianças fora da escola e sem atendimento médico, isto num contexto demográfico em que 45% dos Guarani e Kaiowá, neste estado, têm menos de 17 anos de idade. Leia na íntegra em http://migre.me/rHLJ4



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