24 de abril de 2017

LOGÍSTICA REVERSA



Você conhece a logística reversa? Ela está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos e já vem sendo utilizada por empresas cujos descartes de materiais demandam um certo cuidado, como fábricas de eletroeletrônicos. Basicamente, consiste em pensar em todo o ciclo de vida do produto, desde sua fabricação até o reaproveitamento ou descarte final. Você também pode adotá-la no seu dia a dia, dando preferência a produtos que podem ser recicláveis ou que gerem o mínimo de impacto no meio ambiente.
O que você acha dessa política? Você tem mais dicas de como diminuir os resíduos?

14 de abril de 2017

ASSOCIAÇÃO DE CATADORES É ESSENCIAL



Mogi Guaçu-SP se destaca pela criação e organização dos catadores de reciclagem em sua comunidade. Fundada em 2003 , a Associação COOPER 3Rs,  tem hoje  seu trabalho reconhecido pelo MMA e FUNASA. Um exemplo a ser seguido!






SUA HISTÓRIA


Instituição sem fins econômicos constituída apenas por catadores e catadoras de material reciclável, com sede no município de Mogi Guaçu e fundada em fevereiro de 2008. Entretanto, se originou nos espaços de interlocução compartilhados por engenheiros, biólogos, psicólogos, fonoaudióloga, pedagogas, educadores socioambientais e catadores. Participavam do Projeto "Rio Mogi Guaçu. Conhecer para Proteger" da Escola Comunidade Interativa, situada às margens do rio Mogi Guaçu, no centro da cidade e que foi contemplada com o I Prêmio Chamex Terra - Escola, fomentado pela empresa International Paper, em 2001.

Esta diversidade de profissionais, que apontou o protagonismo e a importância dos catadores e catadoras, começou a se encontrar em " Círculos de Conversa" , e compartilhavam saberes para enfrentamento da problemática socioambiental diagnosticada pelos pais, alunos e professores. Junto com os demais profissionais, catadores e catadoras se organizaram na ONG Comunidade Cooper 3Rs Rio Mogi Guaçu e, em 19 de novembro de 2003, fundada na sede da OAB, com a assessoria de seu então presidente, o advogado Dr Antonio Melo Martini.
Desde lá, lutam por um espaço físico adequado, apoio e reconhecimento do poder público pela valorização do catador, pela instituição de uma Lei Municipal de Coleta Seletiva, e sempre buscando inserir 

Diante das conquistas e novas demandas, em 2008, a ONG Comunidade Cooper 3Rs Rio Mogi Guaçu se desdobra em duas entidades: CADESS e Associação Cooper 3Rs. A partir da emancipação e autonomia de alguns catadores e catadores e do incentivo de seus demais parceiros, em fevereiro de 2008, fundaram a Associação Cooper 3Rs, com a finalidade específica de autogestão nas atividades de geração de trabalho e renda enfatizando a Coleta Seletiva, a Triagem e a Comercialização dos Resíduos Recicláveis. 

Com o apoio técnico e educacional da OSCIP CADESS Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento Social Sustentável, sua mantenedora, a Associação Cooper 3Rs teve aprovado seu projeto na FUNASA, sendo contemplada com recursos para equipamentos e caminhões novos, garantindo acesso a tecnologia e logística necessária para realizar seu trabalho de acordo com as normas de responsabilidade social e ambiental, e aumentando sua capacidade de atender às demandas de empresas parceiras no que se refere à destinação adequada de resíduos sólidos 

Atualmente, está sediada em amplo barracão, tendo conquistando a Lei Municipal de Coleta seletiva, bem como um contrato de prestação de serviços com a Prefeitura de Mogi Guaçu, que lhe dão perspectivas de sustentabilidade e autonomia.

Hoje o grupo também tem a parceria da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro e o apoio do MNCR - Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis

Busca sua inscrição no CREEA e tem a colaboração de engenheiros e gestores ambientais para avaliação e relatórios técnicos das coletas de resíduos nas empresas.


O Programa de Educação Ambiental Sociocomunitária para a Coleta Seletiva Solidária no município de Mogi Guaçu, SP é realizado com o protagonismo de catadores e catadoras educadores ambientais populares. Foi planejada de forma participativa e está prevista no Projeto Político Pedagógico do Coletivo Educador Rio Mojiguaçu, que propõe um Programa de Formação em Educação Ambiental crítica e emancipatória pautada na PNEA e no proFEA. A Associação Cooper 3Rs, entre mais de uma dezena de instituições educadoras no município, integra o Coletivo Educador e os catadores estão envolvidos de maneira participativa e tem seus saberes valorizados dentro do grupo, em especial no que se refere à Coleta Seletiva dos Resíduos Sólidos. Compartilham e trocam conhecimentos populares / acadêmico- científicos com professores, engenheiros ambientais, agrônomos, biólogo fonoaudióloga, advogados, arquiteto, universitários, entre outros atores que atuam no Coletivo para educar a Comunidade.

Conheça em detalhes  
ASSOCIAÇÃO COOPER 3 Rs DE MOGI GUAÇU-SP

Sobre

Instituição sem fins econômicos constituída por catadores e catadoras de materiais recicláveis com sede em Mogi Guaçu, São Paulo.

Contatos


Telefone: (19) 3831 6431

Missão

Promover a sustentabilidade social e ambiental incentivando a inclusão econômica e social dos catadores e catadoras de material reciclável, por meio de educação ambiental, formação educacional e profissional, organização social e atividades para a coleta seletiva solidária visando à geração de renda e contribuindo para a garantia do exercício dos direitos sociais básicos e difusos.


Visão geral da empresa

A Associação Cooper 3Rs apresenta e coordena o Programa de Coleta Seletiva "SAÚDE, GUAÇU! ", referenciada na perspectiva de Promoção de Saúde Coletiva e de acordo com a OMS - Organização Mundial de Saúde e OPAS - Organização Pan Americana de Saúde.

Este programa destaca e valoriza o catador e a catadora como promotores de saúde na medida em que educam e se educam durante as atividades de coleta porta - a - porta, na interação com os moradores. Para tal, o programa Saúde, Guaçu! prevê a formação e capacitação destes trabalhadores pelas agentes de saúde e coordenadoras da Secretaria Municipal da Saúde.

Catadores e catadoras também atuam como educadores socioambientais, e sua mantenedora, CADESS, é a entidade articuladora do Coletivo Educador Rio Mojiguaçu, chancelado pelo Departamento de Educação Ambiental propõe uma reorientação na educação ambiental crítica e emancipatória para uma gestão de resíduos sólidos compartilhada e de responsabilidade de todos/as.

A Associação Cooper 3Rs tem o apoio de diversas entidades e ONGs parceiras no Coletivo Educador: OCA - Organização Comunidade Ativa; TUPEC ( Tudo pela Cultura); CADESS ( Centro de Aprendizagem e desenvolvimento Social Sustentável ); CALVI ( Casa de Apoio ao Portador de Câncer). Juntos cumprem o Projeto Político Pedagógico de Educação Ambiental construído por mais de 200 pessoas em 2006 a 2008.


Informações gerais

A Associação Cooper 3Rs tem como valores e princípios básicos:

1) a responsabilidade social e ambiental ( ISO 26.000)
2) a justiça social
3) a cooperação
4) a solidariedade
5) o diálogo
6) o valor à diversidade cultural e de opiniões
7) o diálogo entre o saber popular e os conhecimentos científicos
8) a transparência de suas ações e decisões
9) a dignidade humana: combate à fome e à pobreza, a injustiça social, o trabalho escravo, o trabalho infantil, a violência doméstica

Prêmios

Contemplada em edital da FUNASA de 2011.

Da coleta a reciclágem

1.coleta seletiva: residencias, empresas, repartições públicas
2.triagem e comercialização de resíduos recicláveis
3.educação socioambiental: palestras em escolas e empresas
4. projetos e ações sociais para escolas, empresas e repartições públicas
5. apoio a gestão a empresas de responsabilidade social e ambiental: Balanço Social e Ambiental com renúncia fiscal


Dados Adicionais sobre a participação no projeto de educação ambiental da Cooperna 



Nome da instituição proponente:            Associação Cooper 3Rs

CNPJ:                                                         10.963.572000120

Endereço da instituição:                          Rua Nagib Matte Merheg


Nome do representante legal:                 Janete Silva Pereira


Contatos da instituição:                           Maria Beatriz Vedovello Bimbati


Nome do responsável:                             Janete SIlva Pereira


Desafios enfrentados:  A apropriação, pela população, dos hábitos e atitudes éticas de separar o material reciclável na fonte, sem contaminar com lixo de banheiro e outros materiais orgânicos

Instituição realizadora:                            Associação Cooper 3Rs

O que motivou a iniciativa:  A formação de catadores educadores ambientais populares era parte do plano operacional elaborado após diagnóstico participativo pelo Coletivo Educador com participação de catadores que mostraram a problemática. Durante a atividade diária da triagem dos materiais na Central da Associação, catadores e catadoras identificaram materiais contaminantes, perfurocortantes, como remédios, seringas descartadas, resíduos de alimento, lixo de banheiro, entre outros fatores que, além de colocar em risco a saúde do trabalhador, acarretam dificultam o trabalho da triagem, prejudica o funcionamento de esteira, prensas, diminui o valor comercial dos materiais. Os catadores reconhecem que para que exista material para trabalharem, é preciso mobilizar a comunidade para que destinem seus Resíduos recicláveis para a Associação e que eles eram as pessoas ideais para abordarem a população.


Principais resultados obtidos: o aumento na quantidade de material reciclável coletado

Lições aprendidas e recomendações:  Os catadores e catadoras são educadores ambientais e promotores de saúde coletiva e são os atores principais na comunicação com a comunidade para ensinar a coleta seletiva

Equipe técnica:  Maria Beatriz Vedovello Bimbati ( fonoaudióloga) Tainá Angela Vedovello Bimbati ( engenheira ambiental) Cristiana Ferraz ( bióloga) Marcio Antonio Ferreira ( biólogo)

Instituições parceiras (se houver):    CADESS SIMASA RAS  Secretaria da Saúde   ( Controle da Dengue ) SAAMA OAB TUPEC Faculdade Municipal Professor Franco Montoro ( estudantes de engenharia ambiental)



COM MATERIAL INFORMATIVO SEMPRE ATUALIZADO SIGAM NO FACEBBOK:


FONTE: COOPER 3 Rs., http://educares.mma.gov.br/index.php/reports/view/241


MARCO LEGAL - Responsabilidade Social e Ambiental em foco

SEMINÁRIO MARCO LEGAL PARA O TERCEIRO SETOR
Com: Prof Takashi Yamauch













No dia 06 de abril de 2017, às 15 horas, a Câmara Municipal de Mogi Guaçu, por meio de seu presidente Zanco e iniciativa do vereador Carlos do Kapa Kamel, promoveu o Seminário "Marco Legal para o Terceiro Setor", ministrado pelo renomado Prof Takashi Yamauchi, um dos relatores das normas da ABNT e da ISO 26.000. 


O evento foi organizado pelo Simasa Guaçu e pela RAS - Rede de Assistência à Saúde e teve o apoio do Instituto Apto de Fomento ao Terceiro Setor e Apoio Brasil. 

O professor Takashi demonstrou e alertou sobre a necessidade de atendimento às normas de legislações vigentes no Marco Legal (Lei Federal nº13.204/15), às Normas e Legislações de Responsabilidade social e ambiental. Abordou o Decreto Federal nº 7.35910 ( Comércio Justo), a Lei Federal nº 9.249/95 (Renúncia fiscal); Decreto Federal nº 6.094/07 (Compromisso de Todos pela Educação); Decreto Federal nº 6.514/08 (Conversão das multas ambientais); Lei Federal nº 12.187/09 (Plano Nacional sobre Mudança do Clima); Lei Federal nº 12.305/10 (Gestão de Resíduos); Decreto Federal nº 7.746/12 (decreto de Sustentabilidade/ licitações públicas) e a Lei Federal nº 12.101/09 - (Certificação).

Com a maestria de sempre, Takashi conversou com 55 representantes, lideranças e gestores de 5 municípios: Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Santo Antonio da Posse, Piracicaba e Estiva Gerbi. 

Agregaram-se representantes dos 1º, 2° e 3º setores: Instituições de Terceiro Setor ( Duas APAES, FEAG, CASMOÇU, ICA, Lar São Vicente de Paulo, Cooper 3Rs, RAS, SIMASA GUAÇU, POLEM, Lar da Terceira Idade PAdre Longino, CAP, Casa da Criança Carlota L. de C. e Silva, Gaia Social Senac; Oab Mogi Guacu, a Associação dos Engenheiros e Arquitetos Mogi Guaçu. Os coletivos jovens Coletivo Guacema, Coletivo Oriçanga, Agua Salva; Alquimia Urbana; Blog Ideias Sustentáveis(Adriana Teixeira Simoni), e as empresas Agromix Agropecuária &Variedades e Daniel Muciacito. De grande importância no grupo, 3 representantes da Exodo Contabilidade. O poder público se juntou às Organizações da Sociedade Civil: secretários municipais de cultura, educação e negócios jurídicos; presidente da Comissão de Licitação; vereador Natalino Tony Silva II e Câmara Municipal de Estiva Gerbi. 

Agradecimentos especiais ao presidente da Câmara Municipal de Mogi Guaçu, Luis Zanco e, ao vereador Carlos Kapa, pelo empenho, interesse e valorização do Terceiro Setor enquanto instrumento de desenvolvimento social e econômico. O seminário também foi um " Marco" para a Sociedade Civil Organizada em Mogi Guaçu e região. 

Vamos todos fazer nossa "lição de casa", compartilhando o compromisso de dar continuidade à apropriação destes conhecimentos e, de nos organizarmos, nos adequando às exigências legais com responsabilidade e ética. (créditos das fotos: Julio Ferraz, do "Casa de Barro".) Takashi Yamauchi Tainá Bimbati Carlos KapaInstituto Apoio Brasil APTO - Centro de estudo e difusão do terceiro setor

Texto e fotos SIMASA GUAÇU

29 de dezembro de 2016

LEI 12.305 PNRS - E O POUCO IMPLEMENTADO



ACESSE O ARTIGO COMPLETO


Adriana Teixeira Simoni 


Quando lá em meados de 2012 pesquisei e escrevi esse trabalho, eram tantos sonhos dentro de uma LEI que poderia dar certo... Mas... O que se viu de lá pra cá , foi muito pouco dentro das possibilidades que a LEI 12.305/2010 permitiria de crescimento socioambiental.

Convido-os a leitura do artigo e comprove o que foi visto em 2011/2012 com o que hoje 2016/2017 foi realizado efetivamente.


TIJOLOS DE "PET" - Solução ideal para reciclagem

Projeto argentino transforma garrafas PET em tijolos sustentáveis

Além de contribuir para a retirada de milhões de garrafas PET da natureza, o projeto também apresenta vantagens para a construção civil e para toda a sociedade


Cada tijolo de PET é feito com 20 garrafas descartáveis.

Muito se discute sobre o que fazer com o lixo descartado em todo o mundo. Todos os dias, milhões de toneladas dos mais variados produtos são jogados fora pelas famílias, no comércio, em escolas, hospitais, indústrias etc. O problema do lixo é gravíssimo e seu impacto no meio ambiente já pode ser percebido na natureza, tanto pela degradação do solo e água onde estão instalados os aterros sanitários, como pela poluição ambiental provocada pela queima do lixo em alguns países.

Mas será que é possível reverter este cenário? Para uma pesquisadora argentina, sim.

Para Rosana Gaggino, pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica (CONICET), a solução pode estar presente no próprio lixo produzido e consumido pela sociedade. Ela e sua equipe desenvolveram um projeto que permite a reciclagem de garrafas PET e a transformação em tijolos ecológicos para construção civil. Esta alternativa, além de retirar da natureza milhões de garrafas que levariam centenas de anos se decompondo, também é sustentável por dispensar o uso de areia em uma construção.

Vantagens do tijolo ecológico


Além da questão ambiental primordial, o tijolo ecológico feito de garrafas PET apresenta ótimas vantagens em relação ao modelo tradicional, como uma capacidade cinco vezes maior de isolamento. Os blocos sustentáveis também são mais leves, possuem maior resistência ao fogo e evitam o uso de recursos naturais durante uma obra, como madeira e areia.

CONTATO PARA  DUVIDAS OU APOIAR O PROJETO


É disponibilizada a fórmula para fabricação, caso haja interesse no projeto a  Pró-Azul disponibiliza com uma breve palestra sobre uso e fabricação.
Entrar em contato com:
Email: halroc@hotmail.com





FONTE:
*  http://www.pensamentoverde.com.br/produtos/projeto-argentino-transforma-garrafas-pet-em-tijolos-sustentaveis/?utm_source=facebook.com&utm_medium=timeline&utm_campaign=noturna&utm_content=tijolos-garrafapet
* http://www.conicet.gov.ar/2015/05/14/botellas-descartables-para-casas-sustentables/

1 de dezembro de 2016

DEBATER O DESPERDÍCIO da ÁGUA NAS ESCOLAS






“Não é incomum que os livros didáticos (e outros materiais que abordam essa questão) silenciem sobre o consumo e o desperdício da água nos segmentos industrial e agrícola, que são bem superiores ao consumo e desperdício doméstico”. A observação é de Larissa Brant, estudante de Engenharia Ambiental da UFMG, que ministra minicurso junto ao professor do Coltec, Eliano de Freitas nesta terça, 18 de outubro, na Semana do Conhecimento. O tema: ‘Educação e água: As abordagens sobre a água nos livros didáticos do ensino médio’. A atividade integra projeto da Universidade que realiza análise crítica sobre a abordagem do tema ‘água’ nos livros escolares adotados em 30% dos estabelecimentos do país. Conheça o trabalho na entrevista de Larissa a Miguel



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Durante a Semana do Conhecimento da UFMG você realizará curso sobre como os livros didáticos brasileiros analisam o tema ‘Água’. Poderia nos falar de sua pesquisa sobre a questão?
A pesquisa analisa a abordagem do tema água nos livros didáticos de geografia do ensino médio aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático 2015. Propomos uma análise crítica sobre os discursos e representações da questão ambiental nos materiais didáticos e paradidáticos. O objetivo é compreender como ocorre a produção e disseminação dos discursos sobre a água nos livros. O que esses discursos refletem ou retratam sobre a “problemática da água” nesse momento histórico? Quais ideologias são veiculadas, por meio dessas abordagens didáticas? É importante destacar que o trabalho integra um projeto mais amplo - A Crise Ambiental nos meios de comunicação e em materiais (para)didáticos da educação básica: abordagens geográficas, coordenado por Eliano de Souza Martins Freitas, professor do Coltec da UFMG. Assim, essa abordagem sobre a água tem sido feita por meio de pesquisas e análises em diferentes contextos.
Como foi a escolha dos livros didáticos? Qual o critério usado para selecioná-los?

No Programa Nacional do Livro Didático 2015 foram aprovadas 18 coleções para serem escolhidas pelos professores de geografia de todo o território nacional. Dessas coleções, 16 foram distribuídas, sendo que detectamos que três coleções, que utilizamos na pesquisa - elas representam cerca de 30% dos livros adotados no país. Ou seja, essas coleções tiveram grande penetração nos estabelecimentos de ensino do país e, certamente, estão veiculando discursos e representações sobre a água, nos diferentes espaços escolares. Nesse sentido, é importante analisar tais coleções, pois acreditamos que esses discursos e representações podem ter grande influência nas concepções sobre a água que os estudantes terão ao final da educação básica.
O que chamou sua atenção nestes livros ao longo da pesquisa?
A água é trabalhada numa perspectiva de recurso finito e de que estamos próximos a uma “escassez hídrica absoluta”, quando na verdade, estudos já demonstram que a quantidade de água no planeta é a mesma desde a última glaciação, e que podemos estar com uma disponibilidade aumentada devido ao aquecimento global, como alguns pesquisadores na área já divulgam amplamente.
Trata-se de um tom apocalíptico sobre a água, com base no que denominamos de Ideologia do Desenvolvimento Sustentável, em um contexto de transformação da água em mercadoria e de, por exemplo, demonização do uso doméstico, colocando esse setor como responsável pelo maior desperdício e pela escassez hídrica absoluta, quando na verdade o maior desperdício está no setor agropecuário e a escassez absoluta não é uma realidade.
Não é incomum que os livros didáticos (e outros materiais que abordam essa questão) silenciem sobre o consumo e o desperdício da água nos segmentos industrial e agrícola, que são bem superiores ao consumo e desperdício doméstico. Ao mesmo tempo, é possível verificar que determinados temas ligados a água são silenciados no discurso dos livros didáticos, como por exemplo os conflitos pela água no Brasil e no mundo, a ausência de exposição e reflexão de alguns conceitos que são importantes à essa temática, as discussões sobre os avanços e retrocessos da legislação brasileira sobre a água, etc.
Não é que a água não deva ser preservada pelo usuário comum, mas a situação real do problema é outra. Assim, há uma “política do silêncio” no que tange a água, pois enquanto estamos culpabilizando o uso doméstico e prescrevendo como os indivíduos devem se comportar para economizar água, não permitimos que outras reflexões críticas sobre a “problemática da água” façam parte das aulas de geografia (e de outras disciplinas), perdendo a oportunidade de sensibilizar os estudantes para uma formação mais crítica.
Para se ter uma ideia, somente no estado de Minas Gerais, no ano de 2015, foram detectados diversos focos de disputa pela água, com ocorrências policiais ligadas a sabotagens, ameaças e agressões. São conflitos por disputas de mananciais envolvendo o agronegócio, com monoculturas diversas (eucalipto, milho, soja), extração mineral, pecuária e piscicultura, em todas as mesorregiões do território mineiro, com destaque para conflitos em municípios como Uberlândia, Uberaba, Patos de Minas, Araguari, Pará de Minas, Paraopeba, Unaí, Caeté e São Gotardo.
Esse é um problema comum às três coleções?
No que tange essa pesquisa, analisamos, até o momento, uma das obras e estamos preparando as análises para as duas outras selecionadas. Mas, estamos ampliando as análises para as demais, pois é nossa intenção já ter uma primeira aproximação com os temas dos outros volumes selecionados para análise durante a Semana do Conhecimento, pois ofereceremos o minicurso ‘Educação e Água: as abordagens sobre a água nos livros didáticos de geografia do ensino médio’. A previsão é de que até abril de 2017 a pesquisa com as três coleções mais vendidas no Brasil esteja finalizada. Há também a perspectiva de continuidade da pesquisa para as demais coleções, a partir de 2017.
Em que essa análise impacta na formação ou atualização de professores de geografia?
Essas pesquisas são importantes, pois permitem pensar novas estratégias e didáticas. A partir do que é detectado pelas pesquisas é possível pensar em materiais didáticos alternativos para que os professores ampliem suas possibilidades de intervenção em sala de aula. Por isso, propomos o minicurso Educação e Água. Estamos preparando novas propostas pedagógicas para os professores e entregaremos para cada participante do minicurso um conjunto de atividades para complementar as discussões propostas nos livros didáticos. Futuramente , as propostas didáticas produzidas deverão estar on-line para os professores acessarem livremente. Em outros termos, há uma preocupação em articular pesquisa, ensino e extensão, a partir dos estudos desenvolvidos no grupo.
Como a atualização dos professores poderia refletir na formação de estudantes do ensino médio?
A Geografia considera que, como todos fazem parte do espaço geográfico, cada um tem o poder de modificar esse espaço, que é formado também por ações humanas. Acreditamos que o estudante deva ter essa consciência para realizar transformações efetivas na situação da crise hídrica, em vez de manter uma visão tradicional sobre a questão. A partir do momento em que se ampliam as discussões sobre a “problemática da água”, ampliam-se também as reflexões para que o estudante do ensino médio tenha um conhecimento mais aprofundado sobre essa temática.
E sem a análise crítica a ação transformadora não ocorreria?
Acredito que não aconteceria de forma efetiva. A Ideologia do Desenvolvimento Sustentável, na nossa opinião, tem o poder de subordinar e qualificar os sujeitos ora para manutenção do status quo ora para o questionamento e subsequente transformação da ordem vigente. Nesse sentido, a ação transformadora só poderá ocorrer, por meio de uma abordagem crítica sobre a “problemática da água” (e das demais questões ambientais), que vise explicitar os silenciamentos que ocorrem nessas discussões. A água deve ser tratada como um direito de todos e não como um bem econômico. A análise crítica permite ressignificar esse debate em diversos níveis de ensino.
Como a pesquisa será apresentada em um minicurso?
Além de mim e do meu orientador, o minicurso contará com duas outras pesquisadoras de Iniciação Científica do Programa de Monitoria do Ensino Técnico que trabalham com questões culturais e com as tensões sobre a água nos livros didáticos. Estamos reunindo esses conhecimentos para realizar o minicurso. Ainda estamos tecendo os detalhes, mas temos boas expectativas. A ideia é fazer um mapeamento inicial de como os participantes do minicurso veem a problemática da água, qual o entendimento dos mesmos sobre as formas de debate e discussão dessa temática no ensino básico; posteriormente, pretendemos apresentar os eixos de discussão propostos nos livros didáticos analisados, numa perspectiva crítica apontando o que é positivo nesses materiais e o que, em nossa concepção, deve ser melhorado. Por fim, apresentaremos algumas propostas de intervenção em sala de aula e entregaremos alguns materiais para os participantes.
A ideia é focar em licenciandos: qual resultado o minicurso pretende atingir?
Achamos que esses estudantes chegarão com uma perspectiva diferente da que abordaremos. Teremos estudantes de biologia, ciências socioambientais, química e de outras áreas correlatas, que nem esperávamos que fossem participar. Nossa intenção é criar espécie de manual que reúna nossa visão junto a uma nova perspectiva trazida pelos alunos do curso sobre a questão da água - e que possa ser divulgado para todos que não puderem participar das atividades. Esse material contará com propostas de aula, alguns de nossos resultados e ideias para tratar as questões.
Fonte: https://medium.com/@ufmg/%C3%A1gua-na-did%C3%A1tica-vis%C3%B5es-de-um-silenciamento-pol%C3%ADtico-87bcca5a824e#.gplrzn4br

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