4 de fevereiro de 2012

SUFOCO DE QUEM?



Adriana Teixeira Simoni

A questão recente e muito discutida sobre a distribuição gratuita ou restrição das sacolinhas nos supermercados é extremamente mais abrangente do que se apresenta, onde nessa campanha “Vamos tirar o planeta do sufoco” a iniciativa aparece travestida de aspecto ambiental sem o ser inteiramente, pois é bem possível haver  outros fatores embutidos nessa iniciativa  verde.

Hoje é possível encontrar comentários, discussões e entrevistas em todos os meios de comunicação visando colocar a sacolinha como a vilã de toda a  problemática  ambiental na questão do lixo plástico, atribuindo a mesma muito mais responsabilidades do que lhe cabem em comparação a todo o plástico que consumimos.

Do ponto de vista ambiental a sacolinha não é a vilã como a APAS - Associação Paulista de 
Supermercados tenta lhe atribuir, afinal a sacolinha não é totalmente descartável, pois apresenta duas utilidades que são carregar as compras até sua casa e depois para destinar o seu lixo para a coleta urbana, onde 88% da população utiliza a sacolinha com esse fim.  Logo ela é reciclável trazendo ao consumidor economia ao deixar de comprar o saco preto de lixo que também é de plástico e demora o mesmo tempo para se desfazer na natureza.

Entretanto é bom salientarmos que a educação tanto para nos servir da sacolinha na boca do caixa bem como a consciência de como proceder com o seu descarte é algo que devemos valorizar e que acima de qualquer interesse comercial a EDUCAÇÃO é o que realmente fará com que seja garantida a sustentabilidade planetária. E levar sua própria sacola tem um fundamento ecologicamente correto também. E se faz necessário saber que essa iniciativa de abolir a sacolinha vem ocorrendo em muitos países.

O que gostaria de lembrar é que o plástico já faz parte da vida diária de todos no planeta, porém o que ainda falta é a EDUCAÇÃO para lidar com o que o plástico nos oferece. Ele está presente para nos facilitar a vida, proporcionando higiene e proteção. No entanto atribuir à sacolinha toda a carga de problemas nos aterros sanitários e lixões é algo extremamente vil.

A sociedade deve estar empenhada e consciente que somente com a sua colaboração é possível minimizarmos os problemas ambientais relacionados com o lixo gerado pós-consumo e não só com a sacolinha.. A solução correta para isso envolve também o governo, disponibilizando coleta seletiva por todos os cantos e desta forma a sociedade não encontraria razões para agir descomprometida com os resíduos que produz.

Analisando os interesses em jogo entre meio ambiente, comércio, governo e consumidor me parece que a causa propriamente dita, a preservação ambiental, está em segundo plano onde o consumidor é o protagonista único nessa missão. Ao vincular a campanha de cunho ambiental somente onerando o consumidor leva a dúvidas quanto a real seriedade dos propósitos dessa campanha.

Vejam bem, se os supermercados gastam por ano cerca de 200 milhões na compra das sacolinhas para distribuição “gratuita” aos consumidores e deixam de ter esse gasto, seria interessante designarem essa economia em investimentos para solucionar definitivamente a logística reversa dos resíduos pós-consumo que chegam as nossas casas via supermercado em forma de embalagens recicláveis, fato que não pude encontrar em nenhuma discussão sobre o assunto, qual seria o destino dessa economia dos supermercados.

Provavelmente alguém vai lucrar com essa campanha e não é o consumidor, pois esse terá de pagar pela sacolinha além de comprar o saco plástico para dispor seu lixo doméstico.  Enquanto o consumidor garante o comportamento ecologicamente correto e continua bancando o lucro dos supermercados que não estão se importando com os recursos naturais do planeta e a sustentabilidade, o ambiente, esse continuará no sufoco!

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